Figura 1Remoção total da próstata por via laparoscópica (antes e após) 

O seu médico assistente diagnosticou-lhe uma neoplasia maligna da próstata e propôs-lhe a realização de uma Prostatectomia Radical Laparoscópica. 

Procedimento 

Esta cirurgia é realizada através de 5 pequenas incisões (menos de 1 cm) na região abdominal inferior ao umbigo ao contrário da cirurgia aberta convencional. 

Através destas pequenas incisões, instrumentos laparoscópicos finos irão dissecar e remover a sua próstata e vesículas seminais da uretra e da bexiga. 

A cirurgia é realizada obedecendo aos mesmos princípios anatómicos e oncológicos da cirurgia aberta, mas sem que as mãos do cirurgião entrem dentro da cavidade abdominal do doente. Uma lente telescópica de alta definição está ligada a uma câmara que projeta a imagem para um monitor. Isto permite que o cirurgião tenha uma excelente visão da próstata e das estruturas neurovasculares envolventes. A próstata será removida do interior do corpo por um dos orifícios. A uretra e a bexiga serão novamente ligadas através de sutura laparoscópica e uma algália será colocada para drenar a urina da bexiga e permitir que a ligação da uretra à bexiga cicatrize. 

Potenciais Riscos e Complicações 

Embora este procedimento seja altamente seguro, tal como qualquer procedimento cirúrgico existem riscos e potenciais complicações: 

  • Coágulos Sanguíneos: embora raramente isto aconteça, podem-se formar coágulos nas pernas e migrar para os pulmões. Pode ocorrer com qualquer cirurgia em geral, mas particularmente nas cirurgias pélvicas. O seu tratamento implica geralmente hipocoagulação por 6 meses; 
  • Infeção: todos os doentes recebem antibiótico endovenoso imediatamente antes da cirurgia o que diminui o risco de infeção urinária e dos locais de incisão; 
  • Lesão de órgãos adjacentes: embora sendo muito raros, pode acontecer lesão do intestino, vasos sanguíneos, e nervos que podem requerer cirurgias adicionais; 
  • Hérnias no local da incisão: são extremamente raras devido à reduzida dimensão das incisões; 
  • Incontinência urinária: tal como na cirurgia aberta a prostatectomia radical tem risco de incontinência pós-operatória que é quase sempre autolimitada no tempo. A continência melhora com o tempo e após 1 ano quase todos os doentes recuperaram a continência; 
  • Disfunção eréctil: dependendo do caso poderá ser usada uma técnica poupadora dos nervos responsáveis pela ereção. A recuperação da função eréctil depende da idade do doente, da função eréctil pré-operatória, do tempo, e da precisão técnica do procedimento cirúrgico. 

A algália colocada na cirurgia terá de permanecer a drenar a bexiga durante alguns dias.  

Orientações para o Domicílio 

  • Tem alta algaliado em drenagem livre 
  • Deve manter algália durante alguns dias (indicação médica) desde o dia da cirurgia e posteriormente deve remover a sonda vesical no Centro de Saúde 

 Algália: 

  • O saco de drenagem de urina deve estar sempre abaixo da bexiga para drenar por gravidade 
  • Vigiar o correto posicionamento do saco coletor, para evitar retenção de urina dentro da bexiga e repuxamentos da algália 
  • Dirigir-se ao serviço de urgência se a algália sair ou deixar de drenar urina 
  • Vigiar características e quantidade de urina 
  • É frequente que a urina apareça tingida de sangue durante alguns dias após a cirurgia.  
  • Avisar o médico caso tenha perda de sangue abundante 
  • Respeitar a data para retirar a algália no Centro de Saúde 
  • Alguns doentes sentem uma sensação de cólicas ou espasmos que normalmente são transitórios ou diminuem com o tempo, caso seja necessário, tomar medicamentos prescritos pelo médico  

Penso Operatório 

  • Manter penso limpo e seco até remoção dos agrafos 
  • Cumprir a troca de penso no Centro de saúde, conforme indicação, caso os pensos se molharem, deverão ser substituídos por pensos secos 

 Deambulação/ Atividade Física 

  • A atividade física deve ser restrita durante o primeiro mês após a cirurgia 
  • Pode caminhar com moderação 
  • Não pegar em objetos pesados 

 Alimentação 

  • Não há restrições alimentares 
  • Deve beber cerca de 2 litros de água por dia  

 Medicação 

  • Cumprir corretamente a toma da medicação prescrita 
  • Se febre superior a 38ºC ou dor que não cede à medicação prescrita, deve dirigir-se ao serviço de urgência 

 Sinais de Complicação 

  • Febre ou dor intensa que não passa com a medicação analgésica prescrita; 
  • Perda de sangue (hemorragia)  
  • Ferida infetada   
  • Baixa produção de urina ou nula; 
  • Urina com sangue, ou com cor escura ou com cheiro fétido. 

Informação elaborada pelo Serviço de Internamento de Urologia do Hospital de Braga

FI.URO.001