Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) 

Um TCE ocorre quando uma força é exercida  sobre a  cabeça originando uma lesão que afeta o funcionamento cerebral. As causas mais comuns são quedas, pancada acidental, agressão  ou acidente de viação. A lesão pode ocorrer por trauma direto ou por um movimento brusco de  aceleração/desaceleração.

Dependendo do tipo e gravidade de lesão são consequências comuns alterações motoras, cognitivas e comportamentais, podendo afetar a capacidade da pessoa desempenhar as suas atividades de vida diária de forma autónoma.

Problemas Comuns

  • Períodos de confusão, podendo não o reconhecer;
  • Desorientação no tempo e no espaço (dizer coisas sem sentido e apresentar falta de iniciativa, podendo mesmo comportar-se de forma inapropriada;
  • Diminuição da força, dificuldade no equilíbrio e na coordenação motora;
  • Cansaço, fadiga e dificuldade de concentração;
  • Problemas de memória e alterações emocionais (irritabilidade, agressividade, risos inadequados…)
  • Dores de cabeça.

Papel da Família durante o Internamento

Nesta fase, para além de toda a equipa de saúde, é importante o seu envolvimento nos cuidados ao doente, tornando-se uma mais-valia para este, no seu processo de recuperação. 

Além disso, poderá ser um processo de aprendizagem para si, visto que o ajuda a adquirir estratégias para satisfazer as necessidades diárias do doente (ex: auxiliar o doente na sua higiene diária, a caminhar, na transferência cama-cadeira, na alimentação, entre outras…).

Como Deve Atuar

  • Criar um ambiente seguro, tranquilo e familiar recorrendo a objetos pessoais (exfotografias, outros);
  • Comunicar com o doente usando  todas as vias possíveis; 
  • Falar com o doente sem elevar o tom de voz, usando frases curtas e simples; 
  • Dirigir-se ao doente, chamando-o pelo nome;
  • Não deve estender a estimulação em demasia, caso verifique que o doente se cansa rapidamente, opte por incentivá-lo a realizar uma tarefa de cada vez;
  • As atividades devem ser de curta duração e irem aumentando progressivamente.

Em caso de dificuldade ou dúvida fale com o enfermeiro que está a cuidar do seu familiar!

O acompanhamento do seu familiar ao longo do internamento pode tornar-se demasiado pesado em termos físicos e emocionais. É inevitável que a sua rotina diária sofra alterações durante esta fase. 

É IMPORTANTE  que converse com outras pessoas e partilhe o seu dia-a-dia, as suas preocupações e angústias, só assim conseguirá manter a capacidade de cuidar e apoiar o seu familiar internado. 

Existem Associações de apoio ao cuidador de vítimas de TCE, como a Associação Novamente (Associação de Apoio ao Traumatizados Crânio Encefálicos e Suas Famílias—www.novamente.pt). Se quiser, podemos ajudá-lo a  contactar a associação.

Alta Hospitalar

A Alta Hospitalar é um processo contínuo que deve ser iniciado no dia da admissão, envolvendo o doente, a família/ cuidador e a equipa de saúde. 

A permanência no Hospital deve ser o menos prolongada possível, uma vez que este é um espaço que apesar de necessário, tem riscos próprios, nomeadamente o risco de infeção.

O domicílio é o local que o doente reconhece, e que facilita o processo de adaptação á sua nova situação, sendo este o local de eleição aquando da alta, sempre que possível.

Alta para o Domicílio  

No domicílio, deverá manter o acompanhamento, vigilância e deve estar atento aos seguintes sinais de alerta:

  • Sonolência ou dificuldade em acordar em relação ao habitual;
  • Enjoos ou vómitos;
  • Perda de sangue ou liquido pelos ouvidos ou nariz; 
  • Dor de cabeça forte, fora do habitual;
  • Falta de força e/ou perda da sensibilidade dos braços ou pernas;
  • Confusão mental ou alteração do comportamento, para além dos conhecidos. 

Caso verifique uma destas alterações, é recomendável recorrer ao serviço de urgência para que o doente possa ser avaliado, ou ligar para o Serviço de Neurocirurgia para esclarecer alguma dúvida. 

No momento da alta, deve certificar-se que leva consigo toda a documentação necessária à continuidade de cuidados (receita médica, carta de alta, consultas, plano de reabilitação se aplicável). 

Os progressos do doente são geralmente mais rápidos nos primeiros meses e depois cada vez mais lentos  ou até nulos durante algum tempo. Não desanime. 

Informação elaborada pelo Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Braga

FI.NCR.002