Sabia que os alimentos podem ser contaminados pela própria embalagem?
Hoje em dia, as embalagens têm como finalidade a proteção e a conservação dos alimentos sólidos e líquidos. No entanto, constituem uma fonte de contaminação dos alimentos, devido à passagem de substâncias químicas da embalagem para os alimentos. Este processo designado de migração, representa um perigo para a saúde do consumidor quando ingere os alimentos.
Em determinadas condições, os materiais que constituem as embalagens podem libertar pequenas quantidades de substâncias químicas que passam para o alimento durante o tempo de contacto entre a embalagem e o alimento. A maioria das substâncias químicas possui baixa toxicidade e capacidade de migrar em concentrações muito baixas, pelo que não apresentam efeitos negativos imediatos na saúde do consumidor, contudo, são ingeridas com frequência ao longo da vida.
A migração de substâncias químicas da embalagem para o alimento depende do:
- tipo de material da embalagem,
- tipo de alimentoque está em contacto com a embalagem (se é um alimento gordo, aquoso ou ácido),
- período de tempo de contacto entre o alimento e a embalagem (alguns alimentos são acondicionados durante dias, semanas ou meses),
- temperatura a que o contacto ocorreu entre o alimento e a embalagem (alguns produtos são preparados na própria embalagem, aquecidos ou armazenados sob refrigeração).
As embalagens para acondicionar alimentos são produzidas a partir de materiais como o plástico, o metal, o vidro, o papel e o cartão, que contém substâncias químicas na sua composição.
O vidro produzido como embalagem para alimentos é considerado quimicamente inerte, ou seja, é um material que não reage com os alimentos, pois não ocorre a migração de substâncias químicas para o alimento.
No fabrico do papel e do cartão como embalagem alimentar, são usadas substâncias adjuvantes e aditivos, como agentes de resistência à humidade e à gordura.
Nas embalagens constituídas por metais, ou ligas metálicas, pode ocorrer a migração de substâncias químicas para os alimentos devido à corrosão do material constituinte, pelo que é aplicado um revestimento na superfície interna da embalagem, normalmente, as resinas epóxi, que apresentam alguns riscos para a saúde devido à presença de Bifesnol A ou BPA. É o exemplo das latas para embalagem de alimentos húmidos, como conservas, salsichas ou patês, e bebidas.
O plástico é um dos materiais mais utilizados no fabrico de embalagens para alimentos (caixas, garrafas, copos, película aderente) que contém aditivos na sua composição, para apresentar caraterísticas adequadas ao acondicionamento de alimentos, e preservar as suas caraterísticas organoléticas e nutricionais. Na composição do plástico são várias as substâncias químicas que apresentam risco, destacando-se o Bisfenol A ou BPA.
A exposição a determinadas substâncias químicas constituintes dos materiais de embalagens alimentares tem sido associada a doenças cardiovasculares, ao cancro, bem como a efeitos negativos nos sistemas reprodutivo e imunitário.
Para prevenir o risco de migração de substâncias químicas das embalagens para os alimentos, recomenda-se:
- usar as embalagens (plástico, metal, vidro, papel e cartão, película aderente/alumínio) sempre de acordo com as instruções;
- usar embalagens próprias para aquecer ou preparar alimentos;
- usar utensílios e louças em bom estado de conservação;
- nunca guardar alimentos nas embalagens metálicas após a sua abertura.
De modo a garantir a segurança alimentar, e manter a qualidade do alimento, as embalagens mais adequadas para uso alimentar devem estar devidamente rotuladas, ou marcadas com símbolo, ou com a menção “próprio para alimentos”, e possuir instruções para uma utilização segura e adequada.
Joana Costa
Técnica de Saúde Ambiental | Unidade de Saúde Pública do ACeS Cávado II – Gerês/Cabreira, ULS Braga