HUB da Saúde
Saúde Mental

Saúde Mental: uma análise com orgulho e sem preconceito

A saúde mental é um bem essencial para as pessoas desenvolverem o seu potencial nos diferentes contextos onde se inserem como é o caso da família, da escola, do trabalho e na sociedade em geral. Esta, traduz o bem-estar que todos precisamos para favoravelmente sentirmos a paz desejada e a saúde nos diferentes domínios que compõem a pessoa: físico, psíquico, social e espiritual.

Nunca é demais relembrar o significado de “saúde mental”. As políticas de saúde em Portugal e no mundo (como a Organização Mundial de Saúde) tendem a vir a alertar sobre a importância de “cuidar da mente”, uma vez que se assiste a um fenómeno global de ascensão das doenças psiquiátricas.

Nas escolas promovem-se as crianças “mais inteligentes”, no trabalho “os mais competentes”, na sociedade “os que melhoram a economia e a produtividade”. Destaca-se o poder economicista que nos faz ganhar “mais dinheiro”, “mais poder” e “maior destaque” pessoal e profissional. Vive-se em função de objetivos escolares, profissionais e sociais, onde o conhecimento, a produção e os aspetos económicos dominam “a essência do ser”. Daí nasce a “pressão” a que estamos sujeitos para ser “os melhores” em vez do “ser eu”, resultando em situações geradoras de stress, ansiedade, alterações do sono e nos comportamentos alimentares, entre outros distúrbios que caraterizam a área da Psiquiatria.

Em Portugal, é reconhecido pela Direção-Geral da Saúde (DGS) a importância de fomentar os aspetos relacionados com a saúde mental e prevenção da doença psiquiátrica, dado ao número dominante de distúrbios psiquiátricos que definem os portugueses.

De acordo com o relatório de saúde mental da DGS subordinado ao tema “Portugal – Saúde Mental em Números, 2015”: “as perturbações mentais e de comportamento mantêm um peso significativo no total de anos de vida saudável perdidos pelos portugueses, com uma taxa de 11,75% contra 13,76% das doenças cardiovasculares e 10,38% das doenças oncológicas”, o que nos faz repensar a importância da promoção da saúde mental, assim como prevenir os distúrbios psiquiátricos.

A família constitui uma importante referência nos contextos da saúde mental, sendo o alicerce social da pessoa. Salienta-se a pertinência de construir um ambiente familiar saudável, onde cada membro se possa expressar pelo que é e que no todo cada pessoa adquira a força que necessite para viver bem, para sentir-se realizado.

Paulatinamente, em saúde mental a personalidade de cada pessoa é um aspeto marcante a considerar. A importância de formar pessoas com potencial, que revelem segurança e capacidade de acreditarem nelas próprias é fundamental para criar “um eu” positivo.

Sem preconceito e enfatizando o respeito pela pessoa com doença psiquiátrica, o enfermeiro especialista em saúde mental e psiquiatria pretende alertar para a importância de “não ter vergonha” de dizer que se tem uma doença psiquiátrica, ou que existe um familiar nessa situação. O Dia Mundial da Saúde Mental, assinalado anualmente a 10 de outubro, foi instituído pela Federação Mundial de Saúde Mental precisamente com o objetivo de promover e aumentar o conhecimento público sobre saúde mental.

Num passado não muito longínquo, o termo “loucura” aparecia associado à doença psiquiátrica, o que justifica a pouca abertura em abordar os seus aspetos definidores, apelando para a desmistificação da mesma.

Com orgulho e sem preconceito, acreditamos que a saúde mental traduz a “luz” que todos precisamos para viver, sem esquecermos de valorizar quem somos, mas que em simultâneo garanta o bem coletivo, na família, no trabalho e na sociedade em geral.

Ana Lúcia Costa

Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica do Hospital de Braga

Nuno Machado

Enfermeiro Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica do Hospital de Braga

Exit mobile version