A audição é um dos cinco sentidos primordiais e essenciais ao ser humano. Dá-nos a capacidade de ouvir, localizar, processar e de interpretar o som, nas suas mais variadas formas.
O sistema auditivo humano consiste numa espécie de circuito em que as vibrações sonoras provocam a movimentação do tímpano, que por sua vez, é transmitida a minúsculas estruturas ósseas localizadas no ouvido médio, às quais damos o nome de ossículos (martelo, bigorna e estribo). A vibração dos ossículos vai estimular a cóclea, situada no ouvido interno, que é responsável por transformar estas vibrações sonoras em impulsos nervosos que serão depois enviados para o cérebro.
A perda auditiva, também chamada de hipoacusia, é definida como a incapacidade parcial ou total de ouvir sons. Esta pode ter várias causas: obstrução do canal auditivo por cerúmen, perfuração da membrana timpânica, doenças inflamatórias crónicas do ouvido, a presença de líquido no ouvido médio (patologia muito frequente nas crianças), a diminuição da mobilidade dos ossículos, a idade, a exposição crónica ao ruído, certos medicamentos ou até doenças neurológicas ou genéticas.
Segundo dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 430 milhões de pessoas sofrem de hipoacusia, número que pode atingir os 700 milhões em 2050. Quando desvalorizada, não diagnosticada ou não tratada, esta situação pode levar a vários problemas psicossociais que afectam todas as faixas etárias, desde o atraso da linguagem e problemas de aprendizagem nas crianças, problemas na comunicação, isolamento e depressão na população mais velha até à limitação ao nível das relações sociais básicas no seio familiar, entre amigos e no trabalho.
A maioria das causas de hipoacusia pode ser prevenida. A OMS estima que 60% dos casos de perda auditiva nas crianças é causada por factores que poderiam ter sido prevenidos e evitados. As práticas recorrentes de exposição a níveis elevados de som durante longos períodos de tempo (seja ao ouvir música com volumes exageradamente elevados ou ao trabalhar em locais com muito ruído sem a devida proteção) colocam a população jovem e adulta também em risco de perda auditiva irreversível.
Como tal, aconselha-se a evicção da exposição crónica ao ruído, o uso de protetores de ouvido em ambientes ruidosos, evitar colocar materiais no interior do ouvido (como cotonetes), evitar a manipulação frequente do ouvido, manter o ouvido seco e estar atento aos sinais de alarme como surdez de evolução súbita ou gradual, sensação persistente de ouvido tapado, zumbidos, saída frequente de pús, sangue ou líquido pelo ouvido, dor ou dificuldade na compreensão das palavras e do discurso.
Os tratamentos disponíveis para a perda auditiva são variados, dependem do tipo, do grau e da causa de hipoacusia e podem passar por tratamento médico, cirurgia ou reabilitação auditiva através de aparelhos auditivos, implantes ósseos ou implantes cocleares. A decisão quanto ao tratamento mais adequado a cada caso deve ser tomada após uma minuciosa avaliação pelo seu médico otorrinolaringologista e um estudo auditivo completo.
No dia 3 de Março, a Organização Mundial da Saúde promove o Dia Mundial da Audição como forma de sinalizar a importância da prevenção, do diagnóstico e do tratamento adequados. Não esqueçamos que a prevenção só depende de nós! Em caso de dúvidas ou sintomas, não hesite em procurar o seu médico otorrinolaringologista.
Preste atenção à sua Audição.

Isabel Costa
Médica Interna do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Braga