HUB da Saúde
Cabeça e Cérebro, Prevenção e Estilo de Vida

Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla (EM) é uma doença crónica do foro neurológico que afeta o sistema nervoso central (SNC), cérebro e medula espinhal, com evolução progressiva e incapacitante.

Em Portugal, estima-se que a doença alcance cerca de 60.000 a 100.000 habitantes. Atinge com maior frequência o sexo feminino e surge habitualmente em adultos jovens entre os 20 e 40 anos. A raça branca é duas vezes mais afetada do que a raça negra.

EM é considerada uma doença autoimune, o sistema imunológico produz uma reação inflamatória contra o próprio organismo. É uma doença desmielinizante, pois conduz à destruição da mielina, substância que reveste e protege as fibras nervosas para uma eficaz propagação do estímulo nervoso. Após os surtos, pode deixar sequelas, conforme a localização da lesão.

A maioria das pessoas com EM apresenta um curso de doença exacerbação-remissão. Isto é, a pessoa experiencia um surto com sintomas novos e ou uma recaída, que se pode desenvolver ao longo de dias ou semanas e, após o plano terapêutico, geralmente melhora de forma parcial ou completa.

Esses surtos são seguidos de períodos sem sinais da doença, que podem durar meses ou até anos. Os fatores causais não são totalmente conhecidos, o que se sabe é poder haver uma possível relação entre fatores genéticos e ambientais.

Possíveis manifestações clínicas:

  • Fadiga (75-90%), sensação de cansaço físico ou mental profundo.
  • Espasticidade, hipertonia muscular que tende a aumentar com a duração da doença, levando a um aumento da incapacidade e interferindo com a postura e a capacidade de locomoção.
  • Dor neuropática.
  • Distúrbios visuais.
  • Perda de força muscular nos braços e pernas.
  • Alterações na sensibilidade, tais como: formigueiros, picadelas, ardor, calor intenso.
  • Alterações do equilíbrio.
  • Sensação de choque elétrico, que ocorre com alguns movimentos do pescoço.
  • Incoordenação motora.
  • Alterações urinárias, intestinais e da função sexual.
  • Alterações da fala (40-50%).
  • Alterações na deglutição (disfagia).
  • Alterações de humor, depressão e ansiedade.

A EM é extremamente variável e imprevisível. As manifestações clínicas da doença variam de pessoa para pessoa. Os sintomas podem desenvolver-se de forma rápida ou gradual.

A EM leva a alterações e perda de funcionalidade, que pode ser transitória e de forma benigna, mas pode ser irreversível em alguns casos.

O diagnóstico da EM baseia-se, inicialmente, em alterações do exame neurológico e na história clínica do doente. Como exames complementares de diagnóstico, temos: Ressonância Magnética (RM), Punção Lombar (PL), Testes de Potenciais Evocados, Análises ao Sangue.

A reabilitação neurológica é de especial importância, pois favorece os resultados do tratamento, retarda os sintomas, melhora a condição física da pessoa, aumenta a sua autonomia e autodeterminação, a sua capacidade de participação cívica, ajuda a pessoa a encontrar um equilíbrio emocional capaz de a tornar a mais realizada possível. A equipa de reabilitação deve ser multidisciplinar, e no centro desta equipa deve estar o doente/família.

Sempre que possível a pessoa com EM deve voltar o mais rápido possível a uma rotina diária, ao seu trabalho, ao estudo, etc.

A atividade física e o exercício, integrados nas rotinas diárias da pessoa, promovem o seu bem-estar físico e emocional, potenciando os seus padrões de qualidade de vida.

A reabilitação vai ajudar a que a pessoa se centre em si, nas suas capacidades e potencialidades, promovendo, em cada fase, a sua independência funcional, mental e emocional.

Paula Cristina Nogueira

Enfermeira Especialista em Reabilitação do Hospital de Braga

Exit mobile version