A incontinência urinária é uma doença que consiste na perda involuntária de urina. A sua gravidade é muito variável, podendo consistir em episódios de perdas ligeiras e ocasionais, ou em perdas graves e praticamente contínuas de urina. Esta patologia é muito frequente, podendo acometer cerca de 20% da população portuguesa com mais de 40 anos.
Adicionalmente, a perda involuntária de urina é um sintoma com enorme impacto social e económico. Mesmo situações de pequenas perdas de urina provocam uma diminuição muito grande na qualidade de vida das pessoas, com repercussões físicas, sociais, sexuais, psicológicas e profissionais. Esta é muitas vezes encarada como um tabu, levando a um isolamento por parte das pessoas com incontinência por receio e vergonha de que os “outros” saibam ou que sintam o cheiro a urina.
Em Portugal, a incontinência urinária é também um problema cultural, muitas vezes considerada como natural com a evolução da idade, principalmente nas mulheres levando a um adiamento na procura de soluções. Para esta normalização contribuem também, por exemplo, a intensa publicidade a pensos de incontinência na televisão, como se outras soluções não existissem, ou como fossem de todo A SOLUÇÃO!
Podemos considerar 3 tipos diferentes de incontinência urinária.
A incontinência urinária de esforço, que acontece quando há perda de urina ao exercermos esforço abdominal. Por exemplo, quando pegamos em pesos, quando subimos escadas, rimos, tossimos ou quando caminhamos.
A incontinência urinária de urgência acontece associada a uma vontade muito urgente de urinar, que não dá tempo de o doente ir a uma casa de banho. Este tipo de incontinência está associada a alterações no comportamento da bexiga e não nos mecanismos da continência. Neste caso, a bexiga contrai inadequadamente e “fora de tempo”.
Finalmente, a incontinência urinária mista que combina características das duas anteriores.
O diagnóstico é normalmente realizado pelo Médico de Família ou por um Urologista. Para a maioria das situações, uma consulta com avaliação da história clínica, do exame físico e recurso a exames simples como análises ao sangue e urina são suficientes.
Assim, é relativamente simples para um médico com experiência nesta doença a determinação de um tratamento. Genericamente, a incontinência urinária de urgência é tratada com comprimidos ou fisioterapia. Por outro lado, a incontinência de esforço é tratada com fisioterapia nas situações ligeiras e cirurgias nas situações de maior gravidade. Foram feitos avanços muito relevantes no tratamento da incontinência urinária nos últimos anos. Tratamentos inovadores quer farmacológicos, quer de reabilitação, quer mesmo os cirúrgicos emergiram e continuam a emergir como excelentes soluções para o tratamento dos diferentes tipos de incontinência.
O tratamento cirúrgico desempenha um papel preponderante na incontinência urinária de esforço, tanto na mulher, como no homem. Para a incontinência urinária de esforço a cura é possível em cerca de 80-90% dos casos. No tratamento da incontinência urinária de urgência, o recurso a fármacos orais (inibindo as contrações involuntárias da bexiga) promovem melhoria dos sintomas na maioria dos doentes. Nos casos resistentes ao tratamento oral, existem tratamentos cirúrgicos que consistem na injeção direta de medicamentos no músculo da bexiga. Trata-se de um procedimento simples e com boa eficácia e segurança.
A incontinência urinária não é uma fatalidade, é uma doença que tem tratamento.
Trate a sua incontinência e recupere a sua vida!

Carlos Oliveira
Urologista do Hospital de Braga
Paulo Mota
Urologista do Hospital de Braga