Algumas pessoas sofrem de hemorragias nasais (epistaxes) com bastante frequência e outras raramente as têm. No verão é uma causa frequente de ida ao serviço de urgência.
As hemorragias nasais mais frequentes têm origem na porção anterior das fossas nasais, dos pequenos vasos sanguíneos existentes na mucosa do septo nasal. Raramente, a hemorragia nasal tem origem na porção posterior do nariz, quando acontece, pode envolver vasos de maior calibre, com hemorragia mais abundante e de resolução mais difícil. A maioria das hemorragias nasais é mais assustadora do que grave.
As hemorragias nasais podem ter várias causas, as mais comuns são exposição ao calor, causas traumáticas (assoar ou manipular o nariz) e o ressequimento da mucosa nasal.
Outras causas menos frequentes de hemorragia são as inflamações ou infeções nasais (rinite/rinossinusite), efeitos secundários de medicamentos (antiagregantes como o ácido acetilsalicílico /clopidogrel, ou anticoagulantes como a varfarina), distúrbios da coagulação (coagulopatias), doenças sistémicas (arteriosclerose, hipertensão arterial, síndrome de Rendu-Osler-Weber), doenças hepáticas ou hematológicas, corpos estranhos (mais comuns em crianças) e raramente tumores do nariz ou seios peri-nasais.
Quando ocorre uma hemorragia o doente deve realizar compressão digital (apertar o nariz, na ponta cartilaginosa) durante três a cinco minutos, sem soltar, com a cabeça inclinada para o peito. A aplicação de gelo local também pode ajudar na cessação da hemorragia. Se a hemorragia cessar e o doente se sentir bem, não necessita de observação urgente, devendo quando oportuno reportar ao seu médico assistente. Nos cinco dias seguintes deverá evitar esforços, assoar o nariz, exposição solar (uso de chapéu) e fontes de calor (comidas quentes, aquecedores, etc.).
Nos casos em que a hemorragia nasal não cessa, ou o doente apresente sinais de perda excessiva de sangue (fraqueza, desmaio, palidez), existam uso de fármacos ou doenças que interferem que a coagulação (porexemplo: hemofilia, cirrose) ou vários episódios recentes, sem nenhuma causa evidente, devem ser observados num serviço de urgência.
No hospital, os médicos primeiramente fazem perguntas sobre os sintomas da pessoa e o histórico médico e, em seguida, observam o doente. Normalmente é o suficiente para descobrir o local e a causa da hemorragia nasal. Exames complementares de diagnóstico não são necessários por rotina, as exceções são os exames de sangue para pessoas com distúrbios da coagulação, sinais de hemorragia abundante ou uso de anti-coagulantes.
Como se tratam as epistaxes?
Algumas hemorragias nasais cessam após aplicação de algodão com vasoconstritor (que provoca uma diminuição do diâmetro das veias e artérias), sem necessidade de outros cuidados, outras necessitam da colocação de um tampão esponjoso especial (tampão nasal) no lado da hemorragia.
Os tamponamentos nasais podem ser realizados com material reabsorvível ou não reabsorvível, dependendo da intensidade da hemorragia. Nalguns casos de hemorragias recorrentes o otorrinolaringologista cauteriza (“queima”) o local que sangra com uma substância química (nitrato de prata), ou eletrocauterização. Se esses métodos forem ineficientes, podem ser usadas várias sondas nasais com balões para comprimir os locais de hemorragia.
O tamponamento nasal é geralmente retirado após 48-72 horas, estando sempre dependente da evolução clínica. Se todas estas medidas não resultarem o doente poderá necessitar de um procedimento cirúrgico para “fechar” diretamente o vaso que está a sangrar.