O choro é a forma mais primitiva de comunicação. O choro de um bebé pode ser desesperante, principalmente para os pais que pouco ou nada sabem sobre a realidade de cuidar de um recém-nascido.

Nos primeiros meses de vida, o choro, o tónus muscular, o olhar, o movimento corporal, tudo são formas de linguagem. É desta maneira que o bebé comunica as suas necessidades, sentimentos e sensações. À medida que o tempo passa, o bebé começa a melhorar a sua capacidade de comunicar e os pais aprendem a interpretar o significado de certos sinais.

É importante identificar os tipos de choro para reconhecer a causa e quais as necessidades do seu bebé, ou seja, o bebé pode chorar por fome, dor, cansaço, desconforto ou tédio. Todos os bebés são diferentes e com necessidades diferenciadas. Não existem bebés “fáceis” ou “difíceis”, apenas existem bebés que estão a ter mais ou menos dificuldade em se adaptar ao mundo exterior e que, por esse motivo, precisam de mais ou menos atenção por parte dos pais.

Logo, a primeira coisa que temos de fazer quando um bebé está a chorar é acolhê-lo e fazer com que se sinta seguro, transmitindo-lhe amor e confiança.

Se sente que está a perder o controlo: peça a outra pessoa para assumir os cuidados; afaste-se e tente acalmar-se antes de voltar para junto do bebé.

Existem várias formas de acalmar o bebé que podem ou não resultar consoante cada bebé:

  • Segurar e dar colo;
  • Passear de carrinho;
  • Música (que ouvia durante a gestação);
  • Amamentar – o leite materno contém substâncias relaxantes;
  • Banho – a água morna tem efeitos calmantes no bebé;
  • Massagem ao bebé;
  • Despir o bebé – é importante para ver se algo o incomoda como por exemplo, a fralda apertada, etiqueta da roupa;
  • “White-Noise” – uso de ruídos de fundo, como o secador ou aspirador, qualquer som mecânico e contínuo pode ajudar o bebé a acalmar e mesmo adormecer;
  • Contacto pele-a-pele – vários estudos demonstram que segurar o bebé despido em contacto direto com o tronco da mãe/pai acalma o bebé e promove a ligação;
  • Método de Harvey Karp (Pediatra dos EUA) – conjunto de técnicas que transmitem ao recém-nascido sensações semelhantes às encontradas dentro do útero:
    1. Swaddling (envolver) – acalma o bebé porque dá a sensação de segurança que eles apreciavam no pré-parto. Segundo Karp, o “mundo é muito grande para eles! É por isso que eles gostam de ser abraçados e envolvidos”;
    2. Side/Stomach (posicionar) – para prevenir a Síndrome de Morte Súbita, os estudos recomendam deitar os bebés em decúbito dorsal, mas como os bebés se sentem mais seguros e satisfeitos de lado ou de barriga para baixo, essas são posições ótimas para acalmar sob vigilância;
    3. Sushing (Chiado-chhh) – os recém-nascidos no útero eram capazes de ouvir os sons externos, bem como a corrente sanguínea que faz um som sushing maior do que o som de um aspirador. Eles acalmam e dormem melhor ouvindo estes sons;
    4. Swinging (baloiçar) – o bebé no útero não está estático, por isso, embalar o bebé com movimentos rápidos, mas suaves, promovem o relaxamento do recém-nascido;
    5. Sucking (sugar) – o reflexo de sucção no bebé esta muito presente e é calmante. Depois de bem estabelecida a amamentação pode usar chupeta para relaxar.

Um bebé que chore muito pode causar um grande stress para quem acaba de ser pai ou mãe. A privação de sono é permanente e podem até sentir-se inseguros sobre a sua capacidade de tomar conta do seu bebé. As emoções da mãe estão ao rubro devido às alterações hormonais que está a atravessar. O pai pode não ter a certeza do papel que tem a desempenhar nos cuidados ao recém-nascido. Se acrescentarmos um bebé aos gritos a todo este quadro, muitos pais poderão ser invadidos por uma sensação de incompetência.

Sim, o bebé chora de forma diferente de acordo com o que está a sentir no momento. No início pode realmente ser difícil de descodificar, mas, conforme os pais vão convivendo com o bebé começam a conseguir identificar as suas necessidades. Isso pode ser exaustivo e assustador para os pais, mas nem sempre é motivo para preocupações.

Cristina Marques

Enfermeira do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Braga