Estamos todos unidos neste esforço de mitigação da pandemia pelo Covid-19, e confiantes de que será bem-sucedido.

A mensagem que mais nos tem sido transmitida globalmente, é a de que todos devemos contribuir para este esforço ficando em casa.

No entanto, são muitos aqueles que têm de continuar a desempenhar a sua atividade profissional fora de casa, talvez até com horários mais exigentes do que o habitual. Para este último grupo de pessoas, explicar aos filhos por que razão têm de ir trabalhar, numa altura em que as pessoas devem permanecer em casa, pode ser um enorme desafio, sobretudo com crianças em idade escolar ou mais velhas. Pensando neste desafio, procurámos reunir neste pequeno texto alguns pontos-chave e recomendações.

  • Procure perceber o que o seu filho já sabe sobre este vírus e a situação de pandemia, e partir daí para uma ou várias conversas sobre o assunto. O seu filho pode precisar de falar sobre este assunto mais do que uma vez.
  • É natural que o seu filho exprima medo, frustração ou aborrecimento. Dependendo da idade, poderá, inclusive, apresentar mais birras ou reações desajustadas perante as contrariedades, do que é habitual. Dê tempo para que o seu filho se adapte a esta situação, ajudando a normalizar todas estas emoções e estruturando uma nova rotina para estes tempos de quarentena.
  • Ajude o seu filho a compreender os procedimentos de proteção que todos devemos adoptar para prevenir o contágio, de uma forma tranquila. Dê o seu exemplo, faça os procedimentos com ele. Utilize a brincadeira e o sentido de humor sempre que necessário, criando, por exemplo, um “cumprimento especial” que possam usar em situações sociais, sem beijos ou dar as mãos.
  • Explique ao seu filho que, para determinados grupos profissionais, ajudar requer participar num conjunto de atividades fundamentais para que a sociedade continue a funcionar e para que as pessoas continuem a viver bem.
  • Ajude o seu filho a entender que, por esse motivo, podem necessitar de fazer alterações significativas às rotinas que tinham juntos. Por exemplo, podem ter de viver separados durante algum tempo. Mas não se esqueça de salientar que essas alterações serão apenas durante algum tempo, até conter o vírus.
  • Dentro do possível, vá mantendo o seu filho informado sobre a sua rotina e procure envolver-se na dele. Mesmo que à distância, procure envolver-se na estruturação de atividades e garanta que os horários de sono, refeições e atividades de estudo/lazer são mantidos.
  • Incuta no seu filho um espírito de missão – todos estamos a contribuir para aniquilar o vírus e todos temos o nosso papel. Se todos lutarmos juntos, mais rapidamente passará esta fase difícil.
  • Ajude o seu filho a descodificar a informação veiculada na televisão e nas redes sociais, focando-se na verdade desconstruindo notícias alarmistas e salientando a informação positiva.
  • Lembre-se que o seu filho pode ter medo que o pai ou a mãe sejam contaminados pelo vírus. Ouça estes receios e procure tranquilizá-lo de forma ajustada à idade dele. Um adolescente, por estar mais consciente e informado acerca do que o rodeia, pode exigir mais informação. O importante é ser claro, basear-se na verdade e transmitir, ao mesmo tempo, esperança.

Se alguma vez se sentir demasiado cansado ou instável, peça ajuda a familiares ou outras pessoas significativas. Caso não exista alguém disponível, procure a linha de apoio psicológico do SNS Saúde 24 (808242424) ou outras linhas de apoio psicológico e social existentes no concelho de Braga.

A página da Ordem dos Psicólogos Portugueses disponibiliza um conjunto de documentos de apoio com informações úteis para lidar com esta fase que atravessamos. Pode consultá-la no site http://www.ordemdospsicologos.pt.

Por fim, combine com o seu filho uma forma de celebrarem juntos o final deste período difícil – uma atividade especial que possam fazer em conjunto. É importante vislumbrarem uma recompensa agradável à vossa espera!

Serviço de Psicologia

do Hospital de Braga