A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença pulmonar comum, prevenível e tratável, caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação ao fluxo de ar (por obstrução brônquica).

Afeta, segundo os dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, cerca de 14% da população portuguesa e está na origem, anualmente, de quase 8.000 internamentos e de uma mortalidade aproximada de 3000 doentes.

Os sintomas da doença (tosse, expetoração, falta de ar) são precoces, porém, não valorizáveis pelo doente, tornando-se mais evidentes após a quarta/quinta década de vida.

O consumo de tabaco é o principal fator de risco para o desenvolvimento da DPOC (90% casos), embora algumas exposições profissionais, como os fumos químicos, a poluição atmosférica, a exposição passiva ao fumo do tabaco e fatores genéticos, também possam contribuir para o seu aparecimento.

Os sintomas aparecem lentamente e agravam-se de forma gradual, essencialmente se o fumador persistir nos seus hábitos tabágicos e se não for introduzida qualquer terapêutica.

Para a sua identificação, é essencial a realização de um teste da função respiratória, a espirometria com prova de broncodilatação. É um teste simples, de fácil realização, constituindo também a forma mais objetiva de deteção precoce desta patologia, por vezes ainda sem uma sintomatologia muito evidente.

A terapêutica adequada e precoce melhora e estabiliza o quadro clínico. A intervenção médica nos múltiplos aspetos, não farmacológicos e farmacológicos, visa melhorar os sintomas e a qualidade de vida dos doentes.

A gravidade da DPOC baseia-se no nível dos sintomas, na frequência e gravidade das exacerbações, na intensidade das alterações funcionais (constatada por espirometria) e na presença de complicações como a perda de peso, a fraqueza muscular e o risco agravado para enfarte do miocárdio, a depressão e a diabetes, entre outros.

Assim, a abordagem global do controlo da DPOC passa pela prevenção (evição tabágica e de outros fatores de risco), diagnóstico precoce da doença e da sua gravidade, e uma estratégia individualizada de tratamento e seguimento, bem como a vacinação anti- pneumocócica e anti-gripal.

A prevenção e o diagnóstico precoce continuam a ser a forma mais eficaz de controlar a DPOC. É fundamental reduzir a exposição a fatores de risco, deixar de fumar e valorizar os sintomas respiratórios!

Raquel Pereira

Médica do Serviço de Pneumologia do Hospital de Braga