A Tibiotársica é uma das articulações mais importantes do corpo humano e também uma das mais propensas a lesões. Esta é formada pelas extremidades distais da tíbia e do perónio em articulação com a tróclea do astrágalo e protegida por uma cápsula e ligamentos laterais e mediais. Trata-se então de uma articulação robusta que tem como principais funções o suporte do peso corporal e a mobilidade, sendo esta essencial para a realização da marcha.

As entorses da tibiotársica (ET) são provavelmente as lesões mais comuns do grupo das patologias músculo-esqueléticas existentes e podem ser frequentemente encontradas na população ativa afetando indivíduos de qualquer gênero e faixa etária.

A entorse é, numa definição simplificada, um movimento violento que provoca estiramento ou ruptura das estruturas ligamentares de uma articulação. Desta forma, podemos dizer que as ET’s são o resultado de um movimento traumático provocado por uma rotação excessiva desta articulação.

Existem essencialmente dois tipos de ET’s, sendo as mais frequentes, em inversão ou laterais e, as mais raras, em eversão ou mediais.

O mecanismo lesional das ET em inversão consiste no movimento de inversão do pé a ocorrer em simultâneo com a flexão plantar numa intensidade acima do normal. Este movimento anômalo provoca lesões ligamentares, predominantemente laterais, que consoante a sua gravidade permitem a classificação destas lesões em graus I, II e III.

Na lesão de grau I os ligamentos sofrem estiramento mas sem ruptura das estruturas. Na de grau II já se verifica uma ruptura parcial das estruturas ligamentares e por norma encontra-se um edema na face ântero-lateral do tornozelo, dor e instabilidade moderadas e alguma dificuldade para realizar carga sobre esse membro. Na lesão de grau III há uma ruptura completa, em que o indivíduo não consegue realizar carga sobre o membro pois tem uma dor muito forte, um edema evidenciado e uma grande instabilidade articular.

Geralmente estas lesões são benignas e resolvem-se sem deixar sequelas. No entanto, é de salientar que mesmo situações de maior gravidade podem ter bom prognóstico quando sujeitas a abordagens terapêuticas adequadas.

A orientação terapêutica depende da gravidade da lesão, sendo que na maioria dos casos os tratamentos da ET são bem sucedidos com o tratamento conservador sem recorrer a uma intervenção cirúrgica.

Por norma, o tratamento para a entorse, em qualquer grau, inclui repouso, aplicação de gelo, proteção, compressão e elevação do membro. Contudo, na maioria dos casos, recorrer apenas aos procedimentos acima referidos não é suficiente para que ocorra uma recuperação total, pelo que é necessário procurar por ajuda especializada.

Para que o indivíduo consiga uma total recuperação, que o permita voltar às suas atividades diárias o mais breve possível e sem grande risco de repetir a entorse, é recomendado que procure um fisiatra ou um fisioterapeuta. A fisioterapia vai ajudar a acelerar a redução da dor e edema, a restabelecer a mobilidade e estabilidade da articulação, a fortalecer a musculatura envolvida e a melhorar o equilíbrio e a sua propriocepção. Após uma avaliação, o fisioterapeuta elabora um plano de tratamento com exercícios adequados a cada caso com o intuito de reabilitar a articulação e prevenir entorses recidivantes .

Assim, independentemente do grau da lesão, o acompanhamento por parte de um Especialista é importante desde a fase aguda até ao retorno às atividades diárias e/ou desportivas. Posto isto, pode salientar-se então que a fisioterapia é fundamental na prevenção e no tratamento das entorses da tibiotársica.

Joana Barbosa

Fisioterapeuta do Hospital de Braga