A doença de Crohn é uma doença crónica que se caracteriza por inflamação de segmentos do tubo digestivo, atingindo mais frequentemente o intestino delgado. Os sintomas mais frequentes são diarreia e dor abdominal persistentes, muitas vezes associados a perda de peso e cansaço marcado. Em alguns casos, podem ocorrer manifestações em outros órgãos, como a pele, as articulações ou os olhos. 

É uma doença cada vez mais frequente, que ocorre mais em países desenvolvidos. Estima-se que afete 1,1 a 1,6 milhões de pessoas na Europa, parecendo afetar igualmente homens e mulheres. Manifesta-se mais frequentemente no início da vida adulta, mas pode surgir em qualquer idade. A causa não é conhecida, mas sabe-se que resulta de uma desregulação das defesas do organismo com a contribuição de alguns fatores genéticos e ambientais. Cerca de 20% dos doentes com doença de Crohn têm um familiar com uma doença inflamatória do intestino e o tabagismo torna a doença mais grave. 

Os doentes com doença de Crohn podem apresentar queixas muito variáveis ao longo do tempo e de pessoa para pessoa. Muitas vezes, existem longos períodos sem sintomas alternados com períodos de agravamento pelo que é importante o acompanhamento médico para toda a vida. 

Não existe cura, contudo, nas últimas décadas, o conhecimento sobre vários aspetos da doença cresceu exponencialmente o que possibilitou o desenvolvimento de vários novos tratamentos, muitos dos quais estão disponíveis em Portugal. 

O apoio psicológico e contacto com grupos de doentes, associados ao contacto próximo com o médico assistente podem ajudar a compreender e aceitar a doença. O objetivo do tratamento é que o doente possa adaptar-se à sua condição e viver o seu dia a dia como qualquer outro indivíduo. 

Sofia Mendes

Médica Interna do Serviço de Gastrenterologia do Hospital de Braga