O leiomioma uterino, também conhecido por mioma, é o tumor pélvico benigno mais frequente na idade reprodutiva. Este tumor tem origem nas células musculares do miométrio, o músculo que forma o útero. É uma das principais causas de histerectomia, a cirurgia para retirar o útero.
Muitas das mulheres com leiomiomas não têm queixas, tornando assim a verdadeira incidência, ou seja, a percentagem de mulheres com leiomiomas, desconhecida. Estima-se que 20-40% das mulheres em idade reprodutiva tenham leiomiomas e cerca de 70-80% das mulheres com 50 anos apresentam este tumor benigno.
Os leiomiomas são classificados de acordo com a posição que ocupam no útero: Intramurais (quando se localizam na espessura da parede do útero e são 75% do total de leiomiomas); Subserosos (quando ocupam a parte externa da parede do útero ou quando estão presos ao útero por um pedículo. São o segundo tipo mais frequente, 20% dos miomas); Submucosos (encontram-se na parede interna e crescem para a cavidade interna do útero e representam 5% de todos leiomiomas); Cervicais (quando se localizam no colo do útero).
Existem várias causas na origem dos miomas: genéticas, hormonais e fatores de crescimento. Os fatores risco para o desenvolvimento de miomas são: Idade; Obesidade; Hipertensão Arterial; Dieta; álcool; Nuliparidade (nunca ter estado grávida); Menarca precoce (aparecimento da menstruação antes dos 10 anos); Raça negra.
Estima-se que 30 – 40 % das mulheres que têm este tumor benigno apresentam sintomatologia. Os sintomas vão depender essencialmente da sua localização e dimensões. O sintoma mais comum é a hemorragia uterina anormal, ou seja, perda de sangue. Esta perda pode ocorrer sob a forma de menstruação abundante.
Outros sintomas são causados pela compressão dos leiomiomas e a dor causada por esta: alterações urinárias (urgência miccional – polaquiúria) e intestinais (obstipação), venosas e nervosas. Pode estar associado a infertilidade e a complicações na gravidez (abortamento, parto prétermo, recém nascido com baixo peso ao nascer, apresentação pélvica).
O diagnóstico é clinico e imagiológico. Ao exame ginecológico pode-se detetar uma alteração da morfologia do útero e um aumento deste órgão. Entre os vários exames de imagem, a ecografia pélvica é o método preferido pelo seu baixo custo e capacidade de avaliação quanto ao número, dimensões e localização. A ecografia transvaginal tem maior acuidade diagnóstica, no entanto deverá ser complementada com ecografia abdominal, sobretudo na presença de úteros volumosos.
A ressonância magnética nuclear é um excelente método na avaliação das dimensões, posição e número dos miomas uterinos. As suas principais indicações são a dificuldade no diagnóstico diferencial entre patologia benigna e maligna, mapeamento de miomas múltiplos, etc.
Alguns miomas não necessitam de tratamento, principalmente se forem assintomáticos.
Quando necessário, e devido à sintomatologia, o tratamento pode ser médico ou cirúrgico de acordo com volume, localização e desejo de fertilidade.
O tratamento médico foi durante muitos anos pouco relevante mas alteraram nos últimos anos com o surgimento de vários fármacos, como o acetato de ulipristal, que pode ser utilizado antes de uma cirurgia ou de planeamento familiar com o intuito de diminuir o volume e os sintomas causados pelo leiomioma.
O tratamento cirúrgico passa pela remoção do mioma (miomectomia) do útero (histerectomia), ou a embolização das artérias uterinas e está indicado quando os leiomiomas causam sintomas, infertilidade ou outras complicações na gravidez anterior e quando o tratamento médico não resulta.
A seguir à Menopausa os miomas uterinos sofrem regressão que é acompanhado pela atrofia do endométrio e suspensão da hemorragia uterina. Na ausência de sintomatologia, a vigilância é a habitual, de acordo com a idade da mulher.