Morte Fetal

O diagnóstico de morte fetal é um evento com consequências emocionais marcantes para a grávida, familiares e profissionais de saúde.

A reação inicial de negação é frequente. Podem sentir-se assoberbados e com necessidade de tomar decisões importantes num curto espaço de tempo.

Este folheto tem como objetivo fornecer alguma informação prática perante essas difíceis decisões.

Apesar de nada aliviar o sofrimento neste momento, esperamos que consigam encontrar algum conforto nestas palavras e que consigam, de alguma forma, aliviar o sentimento de dor e confusão.

O Diagnóstico

O diagnóstico é feito por ecografia em tempo real por ausência de batimentos cardíacos fetais. Por protocolo do Serviço é sempre confirmado por dois obstetras, sendo fornecida uma informação escrita. Se o casal assim o desejar, o exame, poderá ser repetido.

Tenho de ficar logo internada?

Existem algumas situações que implicam uma situação imediata como sendo tensão arterial elevada ou deslocamento da placenta. 

No caso de optarem pela atitude expectante é importante saberem que o tempo poderá prejudicar a avaliação pós-mortem do bebé, bem como existe risco, apesar de baixo, de complicações para a mãe.

Durante o internamento irão ser realizados exames complementares que têm como objetivo avaliar o bem-estar da mãe e também iniciar o estudo da causa da morte fetal.

De acordo com as condições individuais e o protocolo de serviço será proposta uma indução do trabalho de parto. Apesar de difícil, a mãe tem todas as vantagens em obter um parto vaginal com analgesia epidural adequada (o parto por cesariana, além de aumentar os riscos imediatos, aumenta também o risco numa gravidez futura).

Após o Nascimento

Todos os profissionais respeitarão os vossos desejos. No entanto, partilhamos consigo alguns pensamentos e sugestões.

Estudos têm demonstrado que pais que têm a possibilidade de ver e pegar no seu bebé, potencialmente iniciam o seu processo de luto mais cedo. Enfrentar a  morte quando deveríamos estar a receber uma nova vida é trágico e desolador.

Pode existir receio de ver ou pegar no bebé. Estes sentimentos são compreensíveis e são uma parte importante da experiência de conhecer o vosso bebé e de iniciar o processo de luto e de cura.

Será proposta a realização de autópsia e de estudo anatomopatológico da placenta. Este exame é de importância central para a determinação da causa de morte e para estabelecer orientações numa gravidez subsequente.

Quando a morte fetal ocorre em gestações com 24 ou mais semanas de gestação é necessário proceder ao preenchimento de um Certificado de Óbito e, aos pais, cabe a obrigação de declaração e respetivo registo de morte fetal, numa conservatória do registo civil num prazo de 48 horas.

Neste contexto é obrigatória a realização de funeral.

Depois das 22 semanas, e até às 24 semanas, se a morte fetal for espontânea e em todas as situações de interrupção médica da gravidez depois das 22 semanas não é necessário preenchimento da certidão de óbito, nem é obrigatório a realização de funeral.

Pode acontecer outra vez?

Pode ser difícil dizer com certeza qual a probabilidade de recorrência, uma vez que existe uma multiplicidade de causas possíveis para a morte fetal.

O médico assistente irá realizar todo o estudo indicado para tentar obter uma resposta.

Apesar de toda a investigação, em 25-60% dos casos não se consegue determinar a causa, e nesses, a probabilidade de recorrência é de 7,8-10,5/1000 gravidezes.

Existe alguma forma de prevenção?

Após o estudo completo podem ser propostas estratégias a adotar numa próxima gravidez no sentido de diminuição do risco.

Estas medidas estão dependentes da causa encontrada e podem implicar uma vigilância mais apertada e/ ou instituição de medidas terapêuticas específicas numa futura gravidez.

Informação elaborada pelo Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Braga

FI.GINOB.023