Em dezembro somos invadidos pelo espírito de celebração, amor e partilha de momentos com os que são mais queridos.

Este ano, apesar da época festiva ser vivida de forma mais contida, com cuidados redobrados, continuara a ser à volta de uma mesa cheia de tradição. Mas o Natal convida a abusos e excessos alimentares.

Como é de esperar, muitas pessoas perdem o controlo e quebram os seus hábitos saudáveis. Embora a mudança ocasional da rotina não seja suficiente para comprometer a saúde, torna-se importante evitar os exageros e retomar o estilo de vida amigo do coração, sendo este o desafio.

Enganam-se aqueles que consideram que esta mensagem dirige-se apenas às pessoas que possuem problemas cardiovasculares. O aviso dirige-se a todos porque o enfarte agudo do miocárdio é, muitas vezes, a primeira manifestação de doença em pessoas supostamente saudáveis. Contudo, o risco é superior nos grupos mais vulneráveis, nomeadamente pessoas com antecedentes de obesidade, sedentarismo, colesterol e triglicerídeos elevados, diabetes, hipertensão arterial, tabagismo e stress.

Assim, torna-se fundamental compreender que as mudanças de hábitos e os excessos nesta época refletem-se na saúde cardiovascular.

As refeições tradicionais da Ceia de Natal por norma são equilibradas mas, na hora da sobremesa, reina uma grande variedade gastronómica. Torna-se fácil aumentar a ingestão de sal e de gorduras. A quantidade de calorias ingeridas passa para o dobro ou mais, sendo que esta situação pode-se arrastar durante dias consecutivos ao longo do mês de dezembro, contribuindo para a doença cardiovascular.

Aliado à alimentação desequilibrada, os hábitos de exercício menos frequentes, como resultado do tempo mais frio e chuvoso conduzem ao aumento do peso corporal. É importante alertar que o controlo do peso é fundamental uma vez que a doença coronária está relacionada com a acumulação de placas de gordura dentro das artérias do coração.

O exercício físico assume um papel primordial para combater o sedentarismo e os excessos alimentares, sendo fundamental manter a atividade física.

Além disso, sabe-se que a forma como as pessoas festejam os dias desta quadra interfere na saúde cardiovascular. A agitação e a ansiedade própria destas festividades, as emoções vividas de forma mais intensa, a tristeza pela ausência de alguém que já partiu e cuja saudade aumenta, até o pensamento nos gastos financeiros. Deste modo, a emoção excessiva e o stress são fatores a ter em consideração.

Assim, importa relembrar que perante sintomas de alarme, tais como dor intensa no peito que pode ser acompanhada de náuseas, vómitos, suores frios, sensação de desmaio, deve-se procurar ajuda hospitalar e não adiar a deslocação à urgência.

Importa ter em atenção que as alterações na rotina, nomeadamente os excessos na comida e bebida, o stress, a falta de sono e o sedentarismo são comportamentos que podem desencadear ou destabilizar uma doença cardiovascular.

Por isso, este Natal celebre com amor e saúde no coração.

Sílvia Caldas

Enfermeira Especialista em Reabilitação do Serviço de Cardiologia