A vinculação mãe-filho desenvolve-se desde a conceção e ao longo da gravidez. São transmitidos sentimentos, sensações e informações que futuramente influenciam a relação afetiva entre ambos. A vinculação materna ao bebé é uma relação emocional única, especifica e duradoura, que se estabelece de um modo gradual, desde os primeiros contactos. Neste processo estão envolvidas diversas dimensões sejam elas de cariz biológico, psicológico e sócio cultural, que dizem particularmente respeito à gravidez, ao parto e ao pós-parto, mas também á mãe, ao pai e ao bebé.
Um dos momentos marcantes da gravidez é aquele em que a mãe sente o primeiro movimento do seu bebé no ventre. São momentos únicos, experiências marcantes, que cada mulher revê mentalmente e partilha ao longo dos anos.
Após o parto, o contacto pele a pele entre a mãe e o recém-nascido facilita a transição do recém-nascido para a vida extra-uterina . A ligação afetiva mãe-bebé estabelece-se gradualmente nos momentos iniciais após o nascimento, pelo que as trocas resultantes deste contacto influenciam a longo prazo o envolvimento materno, a qualidade dos cuidados e, consequentemente o desenvolvimento e bem-estar infantil.
O contacto imediato pele a pele possibilita o reconhecimento e exploração do corpo materno, proporciona uma adaptação saudável à vida extra-uterina com o mínimo de procedimentos de rotina. Promove a estabilização cardíaca, respiratória e a temperatura do recém-nascido reduzindo o choro, o stress e a dor minimizando desta forma a perda de energia. Fortalece a vinculação e aumenta o sucesso e a duração do aleitamento materno.
A interação pais/filhos e a vinculação segura do bebé aos pais, são fatores cruciais para o desenvolvimento psíquico e social da criança, com repercussões ao longo de todo o seu ciclo vital.
As enfermeiras especialistas em saúde materna e obstétrica (parteiras) têm um papel fundamental na promoção do processo fisiológico do trabalho de parto, parto e pós-parto, essencial à vinculação entre pais e bebés. Sendo um processo que tem início no período pré-natal, o nascimento é o momento privilegiado para a estimulação deste vínculo.
Compete à parteira assegurar-se que todos os recém-nascidos têm a oportunidade de estabelecer contato precoce com a mãe na primeira hora de vida, desde que seja essa a sua vontade e as condições de saúde da mãe e do feto o permitam, ou na sua impossibilidade pode ser realizado com o pai. É fundamental um ambiente tranquilo e comportamentos positivos que favoreçam a confiança materna evitando intervenções que podem ser adiadas.
A OMS inclui esta prática entre as suas recomendações, sendo considerado critério de qualidade dos cuidados no nascimento. Na vanguarda do progresso, sempre atentos às mais recentes evidências, os profissionais da maternidade do Hospital de braga há muito que promovem o contato precoce pele a pele e a amamentação na primeira hora de vida do recém-nascido, não só nas situações de parto normal mas também nas cesarianas.
Mesmo em tempo de pandemia por Covid-19, a OMS e DGS defendem a sua prática desde que acompanhada de higiene rigorosa das mãos, mamas e tronco e utilização de máscara cirúrgica. Como não é possível excluir o risco de transmissão horizontal, nos casos de infeção, a mãe será informada dos riscos/ benefícios e das condições para a sua aplicação e a ela compete decidir sobre a sua implementação.
Nas situações sem infeção não existem restrições ao contato pele a pele para além da obrigação do uso de máscara e a higiene rigorosa das mãos.
O contato precoce uma marca para toda a vida.