O envelhecimento é um processo inevitável durante o qual vamos perdendo, naturalmente, algumas capacidades sensoriais, entre as quais se destaca a audição.
Este tipo de perda auditiva associada ao avançar da idade denomina-se, na maioria dos casos, de presbiacusia, termo que deriva de duas palavras gregas: presbus (homem velho) e acusis (audição). Trata-se da causa mais comum de surdez em humanos e caracteriza-se pela perda da capacidade de deteção de sons mais baixos e agudos.
Contudo, nem toda a surdez que surge com a idade é presbiacusia. Existem casos em que a carga genética ou a exposição crónica ao ruído no passado, relacionada com a atividade laboral ou recreativa, podem determinar esta perda auditiva, podendo ou não ser acompanhados por presbiacusia, simultaneamente.
Independentemente da causa específica, esta surdez conduz, invariavelmente, a um isolamento social progressivo e gerador de alterações emocionais profundas, culminando muitas vezes em perturbações depressivas, baixa autoestima e potenciando o desenvolvimento de demência. Assim, é importante detetar a perda auditiva o mais precocemente possível, permitindo a atuação mais eficaz de medidas de reabilitação. É muito comum, na faixa etária do idoso, não haver um reconhecimento desta condição.
Desta forma, realço a enorme importância do correto diagnóstico e posterior reabilitação, destacando-se aqui o papel preponderante do médico especializado em Otorrinolaringologia que, em conjunto com o trabalho técnico do Audiologista, vai definir a melhor estratégia a seguir para cada paciente.
O médico Otorrinolaringologista vai proceder a uma avaliação completa e individualizada, dando especial ênfase à observação dos ouvidos e, naturalmente, procurando excluir outras causas possíveis de surdez. O Audiologista vai auxiliar o médico Otorrinolaringologista através da execução de um exame auditivo não invasivo denominado audiograma, utilizando para isso um equipamento especial. Os audiogramas tonal e vocal são os exames mais usados para a deteção dos níveis de audição assim como a capacidade para interpretar o que se ouve.
Após determinado o diagnóstico inicia-se então o processo de reabilitação que assenta em dois pilares fundamentais: aconselhamento e ensinamento sobre o que é presbiacusia e a possibilidade de utilização de um dispositivo de amplificação sonora – conhecido como o “aparelho” ou “prótese auditiva”. Nos últimos anos, a tecnologia avançou muito, tendo agora os pacientes à sua disposição uma vasta gama de aparelhos que, em alguns casos, já de forma discreta e quase impercetível, podem dar uma importante ajuda na minimização dos estragos que uma condição como esta pode provocar.
Há que salientar que o trabalho de reabilitação é um processo faseado, englobando treino de reconhecimento e compreensão dos estímulos sonoros, na grande maioria dos casos, com o recurso a próteses auditivas de amplificação.
Portanto, perante suspeita de perda auditiva deve ser solicitada uma consulta de Otorrinolaringologia para um diagnóstico correto e atempado e, confirmando-se o diagnóstico, delinear-se um processo de reabilitação dirigido.