O que é a Suboclusão Intestinal? 

A suboclusão intestinal consiste na paragem da progressão das fezes e dos gases ao longo do intestino devido a uma obstrução ao nível deste órgão. Esta obstrução é causada por uma estenose (estreitamento) do intestino que se desenvolve em áreas onde há tumores, cicatrizes, hérnias, problemas musculares ou alterações do fluxo sanguíneo. Ao ser uma suboclusão, trata-se de uma obstrução parcial, estando apenas uma porção do lúmen intestinal obstruída. Como tal, é permitida, regra geral, a passagem de alguns gases e líquidos. 

Quais são os Sintomas? 

A suboclusão, ao provocar a obstrução do trânsito intestinal, conduz à acumulação das fezes e de alguns gases nessa região, o que causa distensão intestinal e, consequentemente, sintomas típicos como dor e sensação de inchaço abdominais e flatulência. Para além destes sintomas, a suboclusão pode originar também perda de apetite, náuseas e vómitos. 

Em Situação de Suboclusão Intestinal… 

Realizar uma alimentação pobre em resíduos e sem lactose pode ajudar a reduzir os sintomas típicos da suboclusão e permitir que se sinta mais confortável. Uma alimentação pobre em resíduos significa uma alimentação com um consumo diminuído de alimentos ricos em fibra, fibrosos, com casca ou com sementes. 

O que é a fibra? Porque é necessário restringir o seu consumo nesta situação? 

A fibra é um hidrato de carbono presente em alimentos derivados de vegetais e que os humanos não conseguem digerir. Como consequência, a fibra percorre todo o trato gastrointestinal e é eliminada nas fezes praticamente inalterada, contribuindo para o aumento do volume das mesmas. 

Para uma pessoa saudável, a ingestão de fibra é benéfica para a regulação e correto funcionamento do trânsito intestinal. No entanto, em pessoas com suboclusão, é necessário restringir este nutriente por forma a não estimular o funcionamento do intestino que se encontra debilitado e a não aumentar o volume das fezes, dado não ser possível a sua excreção. 

Orientações gerais 

  • Coma devagar, num lugar calmo. 
  • Mastigue bem todos os alimentos sólidos. Se não conseguir mastigar corretamente algum alimento, evite-o. Evite alimentos fibrosos, duros e com cartilagens. Escolha alimentos mais macios. 
  • Consuma apenas a quantidade de alimentos com a qual se sentir confortável, não forçando a ingestão para além da mesma. 
  • Opte por realizar pequenas refeições com maior frequência ao longo do dia. Grandes refeições poderão causar um maior desconforto abdominal (realize 5 a 6 pequenas refeições em vez de 3 refeições) 
  • Beba bastante água ao longo do dia (tente consumir 6 a 8 copos de água por dia). Opte por beber entre as refeições e limite a sua ingestão durante as refeições. Para além da água, deverá ainda consumir sumos de fruta e vegetais (sem casca, sementes ou polpa) por forma a consumir mais calorias e nutrientes diariamente. 
  • Evite alimentos que possam exacerbar os seus sintomas. Cada pessoa tem uma tolerância/sensibilidade individual para diferentes alimentos. 
  • Se considerar que o ajuda na diminuição dos sintomas, opte por triturar os alimentos com a varinha mágica ou processador de alimentos, de modo a obter refeições com uma textura mole/cremosa (por exemplo, puré) 
  • Tente, dentro dos alimentos que pode consumir, variar a sua alimentação, por forma a obter a maior variedade de nutrientes possível 
  • Poderá verificar-se a necessidade de recorrer a suplementação nutritiva, caso não consiga atingir as necessidades nutricionais diárias recomendadas (energia, proteínas, vitaminas e oligoelementos), dada a dificuldade da diversificação alimentar. Consulte o(a) seu(a) nutricionista para averiguar a necessidade desta possibilidade. 

Orientações Específicas 

  • A quantidade de alimentos com resíduos e lactose que pode consumir depende da gravidade dos seus sintomas e da sua suboclusão. 
  • Se os sintomas se tornarem mais frequentes e intensos, poderá ser necessário seguir uma dieta mais restrita, na qual deverá evitar o consumo de todas as frutas e vegetais na sua forma sólida. No entanto, deverá continuar a consumir os sumos de frutas e vegetais por forma a os seus nutrientes, mas sem a fibra. 
  • Em casos extremos, se apresentar sintomas graves acompanhados de vómitos ocasionais depois de comer alimentos sólidos, deverá evitar todos os alimentos sólidos durante algum tempo e seguir uma dieta líquida (sopa de consistência líquida, sumos de frutas e vegetais coados, leite /iogurte líquido sem lactose e outros alimentos desde que seja possível a sua liquefação) – se tal acontecer, recorra imediatamente ao seu médico. 
  • Enquanto estiver a consumir uma dieta líquida poderá não conseguir suprir as suas necessidades energéticas e de nutrientes diárias, pelo que se for necessário que esta se prolongue por mais que 5 dias, deverá também entrar em contacto com o seu nutricionista para averiguar a necessidade de recorrer a suplementos nutricionais. 
  • À medida que os seus sintomas vão diminuindo, se o seu médico ou nutricionista autorizarem, introduza os alimentos sólidos gradualmente e em pequenas quantidades (introduza apenas um alimento novo a cada dia). Se os seus sintomas reaparecerem após o consumo de algum alimento, volte a retirá-lo da sua alimentação. Durante esse processo, poderá existir um período de “tentativa erro”, mas rapidamente descobrirá quais os alimentos que lhe provocam mais desconforto. 
  • Posteriormente, quando o seu trânsito intestinal retomar o funcionamento, reintroduza os alimentos da sua alimentação habitual, em pequenas quantidades e um de cada vez, de modo a, se não tolerar, qual foi o alimento em causa. Se após a reintrodução do alimento sentir mais gases, dor abdominal, cólicas, náuseas e vómitos, volte a evitá-lo e tente reintroduzi-lo novamente numa data posterior. 

Que alimentos que pode consumir/evitar? 

Categoria 

Consumir 

Evitar 

Leite e derivados 

  • Leite e derivados devem ser consumidos nas suas variantes SEM LACTOSE ou substituídos por bebidas vegetais, por exemplo: bebida de soja ou arroz 
  • Leite e derivados com lactose bem como produtos que os contenham (sobremesas, papas lácteas, puré quando adicionado leite na sua preparação…) 
  • Queijos gordos e curados 

Carne, peixe e ovos 

* retire sempre a pele do peixe e da carne 

  • Carnes tenras 
  • Peixe 
  • Ovos 
  • Carnes fibrosas e com cartilagens 
  • Enchidos 

Pão, cereais, arroz e massa 

* ao consumir pão, opte pelo consumo de pão torrado. Se necessário molhe o pão no leite ou chá. 

  • Farinhas/cereais mais refinados (pão branco, massa não integral e arroz branco). 
  • Cereais integrais, ricos em fibra e com sementes (pão, cereais e bolachas integrais e/ou com sementes e arroz ou massa integrais) 
  • Milho 
  • Farináceos mal cozinhados – podem causar flatulência. 

Hortícolas 

  • Abóbora, cenoura, batata, batata doce, chuchu, beterraba, tomate 
  • Retirar sempre os talos, pele e sementes dos hortícolas 
  • Consumir os hortícolas sempre cozinhados e, de preferência, passados na sopa 
  • Hortaliças de folha verde escura (espinafres, nabiças, grelos, couve galega, …) 
  • Alface, repolho, beringela 
  • Evitar ou ingerir com moderação os seguintes vegetais (por forma a evitar flatulência): nabo, aipo, rabanete, rábano, couve saboia, couve branca, couve flor, brócolos, couve de bruxelas, pepino, pimentos, espargos, cebola, alho e cogumelos 

Leguminosas 

 

  • Feijão 
  • Grão de bico 
  • Favas 
  • Ervilhas 
  • Lentilhas 

Frutas 

* retire sempre a casca e as sementes da fruta. Caso consuma laranja, remova as membranas brancas. Sempre que possível, consuma a fruta cozinhada (cozida/assada) 

  • Maçã 
  • Pera 
  • Banana 
  • Pêssego 
  • Frutas com pele e sementes (kiwi, figos, romã, frutos vermelhos, …) 
  • Frutas desidratadas (passas/sultanas, maçã, figo, tâmaras, …) 
  • Frutas fibrosas (laranja, manga, ananás/abacaxi, …) 
  • Frutas que possam causar flatulência (melancia, melão, abacate, castanhas, frutas oleaginosas – nozes, amendoins, avelãs, amêndoas, …) 

Bebidas 

  • Água 
  • Sumo natural de fruta e/ou vegetais (sem as cascas ou as sementes e devidamente coado) 
  • Bebidas alcoólicas (vinho, cerveja, espumante, licores) 
  • Bebidas gaseificadas 
  • Café e cacau 
  • Chá preto ou verde 

Outros 

 

  • Alimentos confecionados com/ricos em gordura (fritos, massa folhada, …) 
  • Alimentos muito condimentados ou ricos em sal 
  • Algumas especiarias como a mostarda, pimenta e caril 
  • Compotas com sementes 
  • Pickles e pipocas 
  • Produtos de pastelaria/confeitaria com elevado teor de açúcar 

Sugestão de possíveis refeições 

Pequeno almoço, lanche ou ceia 

  • 1 pão branco ou 2 fatias de pão de forma branco ou 6 bolachas tipo Maria/Torrada + 1 fatia de fiambre ou 1 fatia de queijo sem lactose + 1 chávena de chá (não preto ou verde) ou de cevada (com leite sem lactose, bebida de soja ou arroz) 

Almoço ou jantar 

  • Sopa: canja com pouca gordura ou sopa branca (com os hortícolas permitidos). De preferência, consuma a sopa passada. 
  • Prato principal: carne (tenra) ou peixe ou ovo (confecionados com pouca gordura) + batata ou arroz (não integral) ou massa (não integral) + vegetais cozinhados (apenas os permitidos e em pouca quantidade – dê preferência ao consumo de vegetais passados na sopa) 
  • Sobremesa: fruta (apenas a fruta permitida, sem casca ou sementes e de preferência cozinhada – cozida/assada) 

Refeições Intercalares 

  • 1 iogurte sem lactose ou 1 sumo de frutas/ vegetais sem polpa ou 1 peça de fruta (apenas as frutas permitidas) + 3 bolachas tipo Maria/ torrada 

Informação elaborada pelo Serviço de Nutrição do Hospital de Braga

FI.SN.031