A vacinação é uma das medidas mais eficazes na prevenção de doenças em crianças.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a vacinação previne de dois a três milhões de mortes por ano em todo o mundo. Portugal tem uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil para a qual diretamente contribui a elevada taxa de vacinação.

As vacinas são seguras… e têm poucos efeitos adversos!

As vacinas recomendadas pela Direção Geral de Saúde são seguras e eficazes. Antes de serem introduzidas no Programa Nacional de Vacinação são amplamente testadas, a sua administração nas crianças é registada e os possíveis efeitos secundários são monitorizados, pois são reportados à Autoridade Nacional do Medicamento.    

A vacinação inicia-se ao nascimento, seguida de administração aos dois meses de vida, para proteger os bebés precocemente de doenças.

No entanto, existem ainda alguns mitos sobre os efeitos secundários das vacinas nas crianças que importa esclarecer: os bebés respondem bem à vacinação e os efeitos secundários não são mais graves nem mais comuns do que nas crianças mais velhas.

A maioria dos efeitos secundários das vacinas são autolimitados (significa que têm uma duração específica e limitada e raramente necessitam de tratamento) e correspondem a reações no local da administração da vacina e febre. Os efeitos adversos das vacinas são muito inferiores aos riscos das doenças que a vacinação previne.

Em 1988 uma publicação criou alarme público por ter relacionado a vacina do sarampo, rubéola e parotidite com o autismo. Essa publicação veio a identificar-se como fraudulenta e a revista fez um desmentido formal. Lamentavelmente essa publicação provocou uma má adesão à vacinação e alguns surtos de doenças. Não há evidência científica de associação da vacinação com o autismo. 

Evidências científicas demonstram que a administração de várias vacinas em simultâneo não tem efeitos negativos no sistema imune das crianças. O sistema imune é muito mais estimulado por doenças naturais do que por vacinação.

Este método de administração de vacinas tem as vantagens de menor número de injeções, com o consequente menor desconforto para a criança, menor número de visitas médicas e imunização mais completa e precoce. 

As doenças contra as quais as crianças são vacinadas são graves e causam problemas sérios de saúde, que podem deixar sequelas e até causar a morte.

Graças à adesão da população portuguesa ao Programa Nacional de Vacinação, as doenças preveníveis pelas vacinas tornaram-se raras em Portugal. No entanto, se a percentagem de crianças vacinadas baixar, por não adesão ao Programa Nacional de Vacinação, há um risco elevado de aumento dos casos de doenças e contágio das crianças não vacinadas.

Muitas das doenças que são hoje raras em Portugal, devido à eficácia da vacinação, ocorrem ainda noutros países. Com as viagens e imigração há o risco de importação de doenças e, neste contexto, as crianças não vacinadas estão em risco de contágio. 

Podemos afirmar que a vacinação é o método mais eficaz e seguro de prevenir doenças infecciosas nas crianças.

Almerinda Barroso Pereira

Diretora do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga