Hoje, dia 19 de março, assinala-se o Dia Mundial do Sono. Sob o lema “Sono Regular, Futuro Saudável”, esta data é assinalada com o objetivo de sensibilizar a população para a importância do sono na saúde e qualidade de vida.
Nos países industrializados vive-se uma epidemia de privação do sono, em parte pelas rotinas impostas pelas responsabilidades profissionais e familiares que nos levam a relegar as horas de sono para um plano secundário. No entanto, a privação do sono tem consequências nefastas para a saúde em geral. Vários estudos científicos mostram que dormir menos de seis a sete horas por noite está associado a um aumento da mortalidade de qualquer causa, mas sobretudo por aumento do risco de desenvolver doenças cardiovasculares, doenças neurológicas, doenças do foro psiquiátrico e também aumento do risco de cancro.
O sono de qualidade é assim essencial para a saúde e bem-estar em todas as idades. É durante o sono que ocorre a “regeneração” do cérebro, o processamento e consolidação da memória e o descanso de todo o organismo que são essenciais para o crescimento, equilíbrio físico e mental e funcionamento adequado de todos os sistemas do nosso corpo.
Então o que podemos fazer para controlar melhor o nosso sono?
Em primeiro lugar, temos de encarar o sono como algo essencial para a nossa saúde. A Sociedade Mundial do Sono aponta 10 regras fundamentais para garantir um sono de qualidade:
- assegurar um horário regular (inclusive nos fins de semana) para adormecer e levantar;
- não fazer sestas de mais de 45 minutos por dia;
- evitar o consumo de bebidas alcoólicas pelo menos 4 horas antes de ir deitar e não fumar;
- evitar o consumo de cafeína pelo menos 6 horas antes de deitar (inclui café, chás, refrigerantes com cafeína como as colas);
- evitar refeições pesadas, picantes ou muito doces à noite;
- fazer exercício físico regular, mas evitar fazê-lo antes de deitar;
- usar roupas confortáveis para dormir;
- manter o quarto ventilado e a uma temperatura agradável (16ºC-20ºC);
- evitar aparelhos electrónicos, televisão e luz intensa no quarto;
- reservar o espaço do quarto apenas para dormir e não como local de trabalho ou de convívio.
Ao seguir estas regras vamos melhorar a qualidade do nosso sono e ganhar em saúde a curto, médio e longo prazo. Mesmo com estes cuidados há quem não consiga ter um sono reparador. Nestes casos, é importante procurar ajuda médica especializada porque existem efetivamente doenças associadas ao sono.
As mais comuns são a insónia, a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e a síndrome das pernas inquietas.
A insónia (incapacidade em iniciar e/ou manter o sono e dormir até à hora pretendida) afeta cerca de 50% da população adulta, apesar da dificuldade de diagnóstico face aos preocupantes hábitos de consumo de antidepressivos ou ansiolíticos.
A SAOS é cada vez mais reconhecida e está muito associada a várias doenças cardiovasculares e ao aumento do risco de acidentes de viação e de trabalho. Sem dados oficiais sobre a real prevalência desta doença na população portuguesa, acredita-se que mais de metade das pessoas ainda não estejam diagnosticadas.
A síndrome de pernas inquietas caracteriza-se por um desconforto que leva a uma necessidade persistente de mover as pernas ou outras partes do corpo em repouso e que, por isso, pode condicionar a capacidade em adormecer ou manter o sono.
Assim é importante não desvalorizar o impacto do sono. Reflita sobre o seu sono, adopte medidas de higiene do sono e procure ajuda médica se sentir que não tem um sono reparador para garantir um diagnóstico e tratamento adequado, garantindo assim um ganho na sua saúde qualidade de vida.