A nossa saúde está dependente de muitos fatores, nomeadamente genéticos e ambientais. O combate aos fatores genéticos, atualmente, ainda é difícil. Assim, a maior aposta deve ser no combate aos fatores ambientais.

A adoção de estilos de vida saudáveis e a prevenção são, desta forma, o melhor caminho para um envelhecimento com qualidade de vida. Estes conselhos servem para homens e mulheres. Contudo, neste mês de Novembro, e ao sabor do movimento “Movember” (site: https://www.movember.com/) apenas vou-me focar na sensibilização da saúde do homem.

É do senso comum que os homens dão menor atenção à sua saúde e recorrem menos aos cuidados de saúde de forma preventiva. Os homens portugueses vivem em média cerca de 78 anos, menos 6 anos que as mulheres, e as principais causas de morte são as doenças cardiovasculares e o cancro. A adoção de hábitos de vida mais saudáveis, a prática regular de atividade física, a alimentação equilibrada e o consumo moderado de bebidas alcoólicas são decisivos para diminuir o risco de morte prematura e permitir um envelhecimento saudável.

Por outro lado, a identificação precoce de doenças aumenta também as probabilidades de um tratamento mais eficaz. Por isso, a prevenção e a avaliação médica regular também devem fazer parte da rotina dos homens.

Neste mês dedicado mais à saúde do homem, é importante lembrar doenças cujo diagnóstico precoce pode ser importante para o seu melhor tratamento e uma melhor qualidade de vida, nomeadamente no pós tratamento. Os homens com mais de 50 anos e/ou com sintomas urinários, como dificuldade para urinar, jato urinário fraco ou sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, devem ir ao médico para investigar o problema. Na verdade, a partir desta idade todos os homens devem procurar uma avaliação médica urológica. Quando na família existem casos de Cancro da Próstata esta procura de avaliação médica urológica deve ocorrer mais cedo, sensivelmente a partir dos 40 anos.

Contudo, os sintomas urinários mencionados anteriormente podem estar associados a outras doenças, como uma infeção urinária ou da próstata, ou até a outras doenças benignas, como a Hiperplasia Benigna da Próstata. Mas importa referir que o Cancro da Próstata é em Portugal o cancro mais frequente no homem (superior ao cancro da pele e ao cancro do pulmão), registando-se cerca de 4.000 novos casos por ano. Estima-se assim que 1 em cada 6 homens será diagnosticado com Cancro da Próstata ao longo da sua vida.

Atualmente não existe consenso clínico absoluto sobre quem e quando deverá fazer os testes de diagnóstico precoce. Os testes disponíveis ainda não permitem detetar com exatidão o grau de agressividade do Cancro da Próstata. Com os exames atuais para além dos tumores agressivos, são detetados tumores de crescimento muito lento e que nunca precisariam de ser tratados. O exame perfeito detetaria apenas os tumores mais agressivos, isto é, aqueles que necessitam realmente de tratamento.

Assim, a avaliação de risco do Cancro da Próstata agressivo e a explicação dos riscos e benefícios dessa investigação devem ser parte da avaliação da saúde do homem em risco. Nos últimos anos, o número de homens que morrem por Cancro da Próstata diminuiu. Esta diminuição possivelmente deve-se à maior procura de rastreios do Cancro da Próstata. Normalmente, este diagnóstico precoce do Cancro da Próstata é efetuado através de um toque rectal, uma avaliação analítica ao PSA (através de uma recolha de sangue) e eventualmente uma ressonância magnética da próstata.

Em síntese, os homens devem estar atentos à sua saúde urológica. Para isso, devem manter uma alimentação saudável, não fumar, ser fisicamente ativos e consultar regularmente o médico. Outros cuidados, como a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e a realização do autoexame dos testículos e pénis são muito importantes e devem ser uma prática diária.

Para mais informações clinicamente fidedignas sobre doenças urológicas, aconselho a consultar o site da Associação Portuguesa de Urologia no seu espaço dedicado ao doente: https://patients.uroweb.org/pt/

Paulo Mota

Urologista do Hospital de Braga