Com a chegada da Primavera, os dias mais soalheiros convidam-nos a sair e desfrutar da vida ao ar livre. Contudo, existem cuidados a ter com o sol para que dele possamos retirar apenas benefícios para a saúde. A exposição solar desprotegida pode ter efeitos nocivos, sendo o melanoma o mais temido, mas também outros cancros de pele e o fotoenvelhecimento cutâneo.

A pele “guarda memória” do sol que apanhámos ao longo da vida, não só da exposição intensa pontual, mas também daquela mais continuada, que é muitas vezes desvalorizada, em contexto de trabalho ou lazer. Assim há profissões com risco acrescido de cancro cutâneo, como as relacionadas com a agricultura, construção civil, condução de veículos ou qualquer outra que implique atividades ao ar livre.

Também pessoas com tom de pele mais claro, olhos claros, cabelo loiro ou ruivo, são mais suscetíveis a sofrer os efeitos deletérios do sol. Outros fatores de risco importantes para melanoma são antecedentes pessoais ou familiares deste cancro, sistema imunitário enfraquecido ou a presença de mais de 50 sinais no corpo.

É importante realçar que toda a população, mesmo quem não possua nenhum destes fatores de risco, deve fazer o autoexame à sua pele de dois em dois meses. É particularmente importante procurar sinais novos ou que tenham mudado, mesmo nas zonas mais inacessíveis, como as costas, pés, entre os dedos, orelhas, couro cabeludo e genitais. Caso se encontre algum sinal novo, que tenha aumentado de tamanho, mudado de cor ou de forma, ou que seja diferente dos outros, devemos alertar o médico. A deteção precoce é a chave para o sucesso no tratamento do cancro cutâneo.

Além de tratável se precocemente detetado, o cancro de pele pode também ser evitado. A medida mais importante para o prevenir é a proteção solar. Não é só na praia e piscina que o sol é perigoso, mas também num passeio ao ar livre, numa esplanada ou até numa viagem de carro. Assim, deve aplicar-se diariamente protetor solar, de preferência SPF 50, 30 minutos antes da exposição solar. Em caso de exposição continuada, deve repetir-se a aplicação de 2 em 2 horas e sempre que se molhe a pele. É importante também o uso de chapéu, óculos e vestuário adequado. Mesmo com estas medidas, deve evitar-se a exposição solar entre as 11 e as 17 horas.

É importante recordar, que mesmo em dias nublados, com nevoeiro ou vento, é importante manter estes cuidados, uma vez que as nuvens podem contribuir para a reflexão da radiação ultravioleta e a exposição à mesma pode ser superior àquela que é percebida por nós e por isso mais perigosa. Exposição a solários ou outras fontes de radiação ultra violeta (UV) para fins lúdicos também são altamente desaconselhadas, tendo já havido países em que os solários foram proibidos por serem considerados cancerígenos.

O cancro de pele é o mais comum no mundo, mas está ao nosso alcance preveni-lo e tratá-lo se descoberto a tempo. A Organização Mundial de Saúde estima que 4 em 5 cancros de pele poderiam ser evitados se tomadas as corretas medidas de proteção da radiação UV.

Assim, cabe-nos a nós cuidar da nossa pele e da nossa saúde, estando atentos ao nosso corpo e tomando as medidas protetoras adequadas para fazermos do sol um aliado e não um inimigo.