A sexualidade é uma parte integrante da vida humana. Engloba companheirismo, afetos, intimidade, partilha e resposta sexual. Não desaparece com o passar dos anos, apenas se modifica. Fatores de vida como doenças físicas ou envelhecimento não significam o fim do interesse e da atividade sexual. Significam a necessidade de uma adaptação do casal a uma forma de sexualidade gratificante.
Ao longo das últimas décadas, as disfunções sexuais têm sido alvo de debate sobre o que se considera normal ou patológico. As disfunções sexuais constituem, assim, um grupo diversificado de perturbações que são caracterizadas tipicamente por uma alteração na capacidade de uma pessoa responder sexualmente ou sentir prazer sexual.
As disfunções sexuais femininas são classificadas a nível do interesse/excitação, orgasmo e dor genitopélvica/penetração. Por sua vez, as disfunções sexuais masculinas são classificadas a nível do desejo sexual, da disfunção erétil e da ejaculação (retardada ou prematura/precoce).
De uma forma geral, a disfunção sexual engloba todas as formas de vivência insatisfatória no relacionamento sexual. No entanto, nem todas as dificuldades ou insatisfações são verdadeiras disfunções. Ao longo da vida, surgem dificuldades no ajustamento sexual entre duas pessoas causadas por circunstâncias pessoais ou do relacionamento. A maioria das pessoas vem à consulta com dificuldades sexuais e não com disfunções sexuais.
Tratam-se de problemas sexuais que resultam de padrões mal adaptativos de respostas fisiológicas e que interferem significativamente com a resposta sexual, bem como com o bem-estar psicológico e emocional. Por exemplo, o medo ou vergonha de lidar com o próprio corpo (tantas vezes, prisioneiros de uma imagem corporal ideal de perfeição), mitos criados pela exigência do desempenho sexual (por exemplo, por vezes criados pela prática quase exclusiva de visualização de pornografia), podem, por vezes, conduzir a dificuldades na sexualidade, nomeadamente no desempenho ou na ausência de desejo sexual, o que não significa a presença de uma disfunção sexual.
Ainda, outros fatores, como crenças sexuais erradas, sexualidade assumida precocemente pelos adolescentes, partilha do corpo através de fotografias nas redes sociais, quase que numa “banalização” do corpo, têm provocado uma crescente insatisfação sexual e uma procura quase que desesperada por tudo aquilo que possa dar satisfação sexual imediata, muitas vezes em detrimento de outros pilares fundamentais para a satisfação global com a relação: a intimidade (no sentido, da partilha) e a comunicação.
No caso das disfunções sexuais, estas podem ser fonte de grande sofrimento pessoal e interpessoal, traduzindo-se na presença de sintomatologia depressiva e ansiosa, baixa autoestima, afastamento sexual, conflitos conjugais e, até mesmo, dificuldades na reprodução/fertilidade. Por esse motivo, devem ser alvo de tratamento adequado e especializado.
Uma correta educação sexual ao longo do ciclo de vida é uma das mais eficazes medidas preventivas das dificuldades e das disfunções sexuais. Cada vez mais, é necessário falar sobre sexualidade, quer nas escolas, quer nas consultas de medicina geral e familiar. Quando necessário, existe também ajuda especializada, que pode ser obtida recorrendo a consultas de especialidade, tal como urologia, ginecologia e/ou sexologia clínica.