A pneumonia é uma doença frequente que afeta todos os grupos etários e uma das principais causas de hospitalização em Portugal, apresentando uma taxa de mortalidade que pode atingir os 20%.  

Corresponde a uma inflamação e infeção do pulmão que condiciona dificuldade nas trocas gasosas provocando dificuldade respiratória. São sintomas comuns a febre, calafrios, tosse seca ou com expetoração, dor torácica, e a instalação dos sintomas costuma ser rápida. Também pode haver cefaleias, rinorreia e mialgias. Nos idosos os sintomas clássicos podem estar ausentes e a doença pode manifestar-se como prostração, alteração do comportamento, recusa alimentar e descompensação das doenças crónicas, estando quase sempre presente a dificuldade respiratória.  

Os agentes infeciosos mais comuns são as bactérias, principalmente o pneumococo, mas também pode ser causada por vírus ou outros microorganismos.  A maior parte das pneumonias ocorre devido à inalação de gotículas contaminadas que entram no organismo pelas vias respiratórias ou pela microaspiração de bactérias que vivem habitualmente na nasofaringe para os pulmões. 

O risco de pneumonia é mais elevado nas crianças com menos de 5 anos e nos idosos, que possuem um sistema imunitário mais incompetente e debilitado e perda dos mecanismos de proteção do trato respiratório, como a tosse eficaz,  em pessoas que vivem em instituições sociais ou lares e portadores de doenças crónicas do foro respiratório, neurológico, cardíaco, hematológico, renal, hepático, neoplasias, diabetes e imunodeprimidos, que podem apresentar doença mais grave.  

O diagnóstico é feito com base em dados semiológicos e epidemiológicos nomeadamente a história clínica e o exame físico, e a radiografia do tórax permite confirmar o envolvimento pulmonar e excluir outras doenças. Por vezes é necessário realizar exames ao sangue e à expetoração. É crucial a instituição de tratamento precoce que na maioria dos casos se realiza no domicílio, com antibiótico, hidratação e medicamentos para controlo da febre.

No entanto, quando o doente apresenta sinais de gravidade, evolução clínica desfavorável, complicações, comorbilidades significativas ou insuficiência respiratória é necessário o internamento hospitalar com suporte de oxigénio.  Mesmo com uma evolução favorável, a recuperação da doença pode demorar algumas semanas.  

Perante esta realidade é essencial investir na prevenção da doença. Existem várias estratégias, nomeadamente a vacinação, que protege das formas mais agressivas da doença, pelo que a vacina da gripe e a vacina anti-pneumocócica são especialmente recomendadas a grupos de risco (idade superior a 65 anos, residentes em lares ou outras instituições, portadores de doenças crónicas, imunodeprimidos, grávidas, prestadores de cuidados de saúde e conviventes de pessoas de risco).

Outras medidas importantes consistem numa alimentação e hidratação adequadas, cessação tabágica e medidas de controlo de infeção (evicção de contactos desnecessários, distanciamento social, uso de máscara facial e higienização frequente das mãos) e controlo das doenças crónicas.

Apesar de apresentar maior incidência nos meses de frio, em que a secura das mucosas e as infeções virais parecem alterar os mecanismos de defesa locais das vias respiratórias, existe risco de pneumonia ao longo de todo o ano, pelo que as medidas preventivas devem fazer parte da vida diária. 

Joana Lages

Médica Especialista do Serviço de Pneumologia do Hospital de Braga

Marta Silva

Médica Interna do Serviço de Pneumologia do Hospital de Braga