Chegou o calor! A época preferida do ano para muitos, traz habitualmente um dia-a-dia diferente, a possibilidade de novos planos e oportunidades entusiasmantes. Mas traz também alguns riscos de saúde que devemos prevenir e vigiar.
As doenças provocadas pelo calor são um continuum de perturbações, desde as mais ligeiras (pés inchados, pequenas bolhinhas na pele, cãibras) até às mais graves (exaustão pelo calor e golpe de calor). Enquanto a exaustão pelo calor é caracterizada por sudorese excessiva e frequência cardíaca aumentada, o golpe de calor é uma doença mais grave e mortal, sendo definido como uma temperatura corporal superior a 40ºC e alterações do estado de consciência, do discurso, da visão ou convulsões.
Mas como poderemos explicar os efeitos do calor no corpo humano? Regra geral, os efeitos surgem quando os nossos mecanismos de regulação (circulação sanguínea à superfície, respiração e transpiração) não são suficientes para diminuir a temperatura corporal.
Por outro lado, se pensarmos que parte do sangue é desviado para a pele e que poderemos produzir até 3 litros de suor por hora, é fácil imaginar a desidratação a que o nosso corpo pode chegar, comprometendo o normal funcionamento de órgãos vitais como os rins, o fígado, ou o cérebro, gerando-se uma falência multi-orgânica.
Existem três fontes principais de calor: o calor metabólico – gerado continuamente pelo nosso organismo e que aumenta durante o exercício físico ou a digestão; o calor ambiental – dependente da temperatura do ambiente, da humidade, da circulação do ar ou da radiação, e, por fim, o calor associado ao vestuário. Para qualquer pessoa, mesmo jovem e saudável, a junção de mais do que um destes factores pode ser perigosa, como por exemplo o exercício físico intenso ou prolongado (calor metabólico) em ambientes quentes e húmidos (calor atmosférico).
De igual modo, pessoas que não tenham os seus mecanismos de regulação da temperatura corporal bem desenvolvidos (bebés) ou conservados (idosos), que não se consigam hidratar por si próprios ou que sofram de doenças crónicas, têm um risco acrescido para as doenças provocados pelo calor, mesmo em condições mais amenas.
A boa notícia é que estas doenças são preveníveis, com medidas simples e eficazes, sem custos e à disposição de todos! Deveremos evitar a exposição excessiva ao calor, sol e raios ultra-violeta, preferindo o início ou o fim do dia para as rotinas ao ar livre, passeio ou exercício. Beber ou dar a beber água ou outros líquidos não açucarados em boa quantidade e ao longo do dia e fazer uma alimentação equilibrada, leve e com pouco sal é igualmente importante. Promover a circulação do ar em espaços fechados, manter a casa fresca, usar roupas leves e arejadas são também medidas eficazes.
Apesar de todos estes cuidados, poderemos sempre deparar-nos com sinais ou sintomas das doenças associadas ao calor: sensação de desmaio ao levantar, fadiga, fraqueza generalizada, dores de cabeça, náuseas, sudorese profusa, palpitações, respiração rápida, vertigem ou até alterações da consciência. Nesses casos, para evitar maiores consequências, é fundamental baixar a temperatura o mais rapidamente possível!
A pessoa deve ser levada para um local fresco ou à sombra, aliviada de roupa quente ou restritiva, incentivada a beber água fresca ou soluções de re-hidratação e coberta com toalhas molhadas ou arrefecida com sacos de gelo nas axilas e virilhas/coxas. Se a pessoa estiver inconsciente, agitada ou confusa, deverá ser chamada a emergência médica.
A todos os leitores, votos de um excelente Verão e uma óptima prevenção!