A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma patologia respiratória comum que se caracteriza pela presença de sintomas respiratórios persistentes, acompanhados por obstrução irreversível do fluxo aéreo.

Trata-se de uma condição altamente incapacitante, sendo atualmente a 4ª causa de morte a nível mundial. Nas próximas décadas, prevê-se um aumento da morbimortalidade associada à DPOC, devido à exposição continuada aos fatores de risco e ao envelhecimento da população. Contudo, é uma patologia que pode ser prevenida, se tentarmos evitar determinados fatores que predispõem ao aparecimento da doença.

A exposição ao fumo do tabaco (não só na forma do cigarro, mas também cachimbo, charuto ou cachimbo de água) constitui o principal fator de risco para a DPOC. No entanto, outros fatores foram identificados que poderão contribuir para o desenvolvimento da doença:

  • Exposição a partículas inaladas (fumo de lareiras, fornos a lenha, poeiras orgânicas e inorgânicas e agentes químicos)
  • Fatores que afetam o desenvolvimento pulmonar em qualquer fase da infância/adolescência (por exemplo, o tabagismo materno durante a gravidez ou prematuridade)
  • Suscetibilidade genética (défice da enzima alfa 1-antitripsina, em casos mais raros)

Os principais sintomas da DPOC são falta de ar, sobretudo com os esforços, tosse crónica e expetoração, que persistem ao longo do tempo e têm tendência a agravar. Existe também uma suscetibilidade aumentada às infeções respiratórias, como a pneumonia, que estão associadas agudizações da doença conduzindo à sua progressão e a uma morte prematura.

O diagnóstico faz-se através de um exame respiratório funcional não invasivo, chamado espirometria, que avalia o grau de obstrução do fluxo aéreo, medindo a quantidade/fluxo de ar que entra e sai dos pulmões.

Apesar de não ter cura, da DPOC pode ser tratada. O tratamento passa, em primeiro lugar, pela cessação tabágica, evitar a exposição a fumo de lareiras e fornos a lenha e pelo uso de broncodilatadores inalados. Estes promovem a dilatação brônquica e contribuem para o alívio sintomático e melhoria na qualidade de vida. Em casos mais avançados poderá ser necessário o recurso ao oxigénio suplementar (superior a 16 horas por dia, incluindo o período noturno) e à ventilação não invasiva.

A maior parte dos doentes beneficia de programas de reabilitação respiratória, que consistem numa série de exercícios que fortalecem os músculos respiratórios e ajudam na eliminação de secreções. Desta forma, é possível melhorar a tolerância ao exercício, bem como os sintomas de falta de ar, dando a possibilidade ao doente de manter uma vida normal.

Em doentes com DPOC é fundamental a vacinação contra a gripe e pneumonia (esta última pode ser administrada em qualquer altura do ano), de forma a prevenir infeções respiratórias graves que poderão motivar idas ao serviço de urgência ou mesmo internamentos com necessidade de oxigénio ou ventilação não invasiva.

A DPOC é uma doença que pode ser prevenida, sendo fundamental o reconhecimento e evicção dos fatores de risco. Recorra ao seu Médico de Família caso apresente sintomas respiratórios de forma crónica ou simplesmente se deseja deixar de fumar.

Não se esqueça: é melhor prevenir do que remediar!

Daniela Rodrigues

Médica do Serviço de Pneumologia do Hospital de Braga

Lurdes Ferreira

Médica do Serviço de Pneumologia do Hospital de Braga