Amanhã, dia 3 de março, celebra-se o Dia Mundial da Audição. Uma data celebrada anualmente que pretende sensibilizar a população para a importância da audição e necessidade de prevenir e tratar a perda auditiva.

A perda auditiva não tratada está associada a uma má qualidade de vida, com forte impacto no dia-a-dia do  indivíduo e dos que o rodeiam. Isolamento social, desemprego, consequentemente depressão e até perigo de acidentes (rodoviários e outros) são algumas situações possíveis.

As boas notícias?

Existem algumas formas de a prevenirmos e já se encontram acessíveis várias possibilidades de tratamento.

Muitas vezes os pacientes com perda auditiva (hipoacúsia em termos médicos) não se apercebem do seu problema ou este aparece de outras formas. Assim sendo, se tem dificuldade em perceber o conteúdo de uma conversa, sensação de que até consegue ouvir, mas não consegue compreender, tem que aumentar muito o volume da televisão, pede muitas vezes aos outros para repetir o que lhe dizem, evita algumas situações sociais que antes lhe pareciam prazerosas porque “tem muito barulho” ou sente zumbidos/apitos nos ouvidos, está na hora de procurar ajuda profissional.

De uma forma simplificada, existem três tipos de perda auditiva:

  • Neurossensorial: a mais comum, sobretudo nos adultos e com o avançar da idade. É permanente e acontece sobretudo quando há dificuldade em perceber os sons/discurso mesmo que estes sejam alto o suficiente para os ouvir;
  • Condução: causada por problemas mecânicos no canal auditivo ou no ouvido médio – por exemplo, cera no canal auditivo. Geralmente é temporária;
  • Mista: quando há componentes das duas anteriores.

Existem algumas atitudes eficazes para nos protegermos da perda auditiva precoce, nomeadamente:

  • evitar barulhos demasiado altos e sobretudo a exposição prolongada (qualquer barulho acima dos 85 decibéis deve ser evitado e já existem inclusive aplicações para telemóveis para medição dos níveis de ruído);
  • ter cuidado ao ouvir música (sobretudo quando com auscultadores);
  • proteger os ouvidos quando tem obrigatoriamente que estar em locais com ruído acima do recomendado (afastar-se de colunas, fazer pausas de cerca de 15 minutos, recuperar/descansar cerca de 18h entre exposições a ruídos intensos, utilizar tampões ou mesmo abafadores);
  • realizar um estudo auditivo com profissionais da área.

Esta avaliação torna-se imprescindível para quem está sujeito diariamente a estes ambientes/condições: trabalhadores em locais com muitas máquinas, músicos e quem trabalha ou frequenta regularmente discotecas ou outros locais semelhantes.

Até agora falamos sobretudo da perda auditiva traumática e/ou associada ao envelhecimento natural. No entanto, a perda auditiva pode ainda ser genética ou devido a algumas doenças dos ouvidos e, desta forma, é mais difícil prevenir e evitar um possível tratamento. No entanto, quanto mais precoce for o diagnóstico, mais fácil será a reabilitação e menos tempo estará sujeito a todas as situações desagradáveis inerentes a uma fraca audição.

O diagnóstico geralmente é muito simples: deve ser sempre realizado por profissionais de saúde, idealmente um médico de otorrinolaringologia e consegue-se através de um exame indolor chamado audiograma. Este pode ter que ser complementado por outros exames para um diagnóstico definitivo e programação do tratamento adequado.

Os tratamentos da surdez passam pela avaliação do médico que, caso a  caso, decide pela remoção de cerúmen (popularmente conhecido por “cera”), realização de cirurgia ou colocação de aparelhos auditivos.  

Estes são cada vez mais discretos e com uma tecnologia cada vez mais evoluída, assim como já existem diversos sistemas que permitem que alguns dispositivos sejam colocados no interior do ouvido ou em locais não percetíveis por terceiros.

Sara Martins Pereira

Otorrinolaringologista do Hospital de Braga