Na próxima segunda-feira, dia 4 de junho, celebra-se o Dia Internacional da Ortóptica.

A palavra Ortóptica remota ao século VII associada a um físico grego que pretendia treinar os olhos “a ver direito”: do grego orthos = direito + optikos = olhos, surgindo assim a palavra ortóptica e também a primeira abordagem prática do tratamento do estrabismo. 

A Ortóptica é um ramo auxiliar da oftalmologia que trata de distúrbios e defeitos da visão sensorial e motora. O profissional especializado nesta área é o ortoptista, um técnico superior de diagnóstico e terapêutica, que auxilia os médicos oftalmologistas no diagnóstico de patologias oculares através da realização de diversos exames complementares de diagnóstico. O ortoptista procura, ainda, corrigir as anomalias oftalmológicas sem recorrer à cirurgia, através da utilização de terapêuticas específicas de recuperação e reeducação das perturbações da visão.

O ortoptista pode desenvolver a sua atividade profissional em hospitais, centros de saúde, clínicas, institutos de investigação, associações de solidariedade social e ópticas. Integrado em equipas multidisciplinares, o ortoptista trabalha em conjunto com outros grupos profissionais relevantes para o desempenho profissional.

No Hospital de Braga, a equipa de ortoptistas do Serviço de Oftalmologia trabalha diariamente de forma a prestar os serviços e cuidados de saúde necessários à prevenção e monitorização da doença de acordo com a indicação clínica, pré-diagnóstico, diagnóstico e processo de investigação, bem como à promoção do bem-estar e qualidade de vida do indivíduo e da comunidade.

O ortoptista tem um papel preponderante na avaliação oftalmológica em todas as faixas etárias. Nas crianças, é de elevada importância a realização de rastreios visuais precoces de forma a avaliar o equilíbrio oculomotor e sensorial, despistando assim a existência de erros refrativos passíveis de correção ótica ou a existência de patologias como a Ambliopia (conhecida por “olho preguiçoso”), Estrabismo (“olhos tortos”), insuficiência de convergência, alteração da visão cromática, etc.

Na idade adulta, o papel do ortoptista centra-se na realização de exames complementares de diagnóstico de diversas patologias, entre as quais a Retinopatia Diabética (que surge como complicação da diabetes mellitus e é uma das principais causas de cegueira), Glaucoma (frequentemente associado a valores de tensão ocular elevados que se não forem normalizados podem causar uma diminuição de visão e de campo visual) e Queratocone (distrofia da córnea, em que esta se encontra em forma de cone, e manifesta-se pela diminuição gradual da visão provocada pela deformação progressiva da córnea).

Com o avançar da idade existem outras patologias a ter em consideração associadas ao envelhecimento progressivo dos tecidos, como é o exemplo das Cataratas (caracterizam-se pela opacificação do cristalino – a lente natural presente no olho – cujo tratamento é cirúrgico) e da Degenerescência Macular Ligada à Idade (a principal causa de cegueira em adultos com idade superior a 50 anos, devido à progressiva degenerescência da mácula – área da retina responsável pela visão central).

Para além do diagnóstico, o ortoptista tem um papel de elevada importância no que respeita à monitorização das patologias e, ainda, na execução de exames pré e pós-cirúrgicos determinantes no sucesso cirúrgico.

Dada a abrangência das atividades que desenvolve, é imprescindível a presença de um ortoptista em todas as equipas que se dedicam aos cuidados da visão.

Andreia Magalhães

Ortoptista do Hospital de Braga