A gravidez é um acontecimento da vida do casal geralmente sonhado e muito planeado representando uma fase repleta de magia, expetativas e misticismo.

A gravidez não é doença, é um fenómeno fisiológico, no entanto as alterações físicas, emocionais e relacionais implicam adaptações várias e novos equilíbrios que podem favorecer positiva ou negativamente a relação do casal a vários níveis e de um modo particular a sua sexualidade, frequentemente associada a mitos e inverdades. 

 A sexualidade, uma necessidade humana básica, a par de uma boa alimentação, prática regular de exercício físico e hábitos de sono/descanso contribuem para uma gravidez feliz e saudável.  

O interesse sexual pode sofrer alterações ao longo da gravidez, mas a necessidade de afetos essa aumenta e permanece. Nas situações de evolução normal não existem contraindicações para a vivência da sexualidade, de acordo com os desejos e as necessidades de cada casal.  

Num corpo em constante mudança podem surgir alguns desconfortos que o amor e paciência ajudarão a ultrapassar. Sentir-se amada e desejada no seu corpo grávido reforça a autoestima e a sensação de segurança da mulher. As dificuldades que possam surgir devem ser discutidas abertamente pelo casal; a comunicação é fundamental para que sejam encontradas soluções 

No segundo trimestre, num maior equilíbrio emocional e físico, as hormonas da gravidez aumentam a líbido da mulher surgindo como uma possibilidade para uma contínua interação íntima do casal, diminuindo medos, anseios e possíveis desconfortos.    

Desmistificar é fundamental para que o casal possa viver sem medos a sua sexualidade. Não é de todo verdade que a relação íntima possa ser a responsável pela rotura de bolsa de águas, pelo início de trabalho de parto, por trauma físico ou emocional do feto.  

Os exercícios de Kegel, importantes para fortalecer a musculatura do soalho pélvico, podem e devem ser treinados durante a gravidez. Estes músculos bem exercitados permitem uma consciencialização do próprio corpo, contribuindo para melhorar a eficácia dos esforços expulsivos e reduzir o risco de lacerações. 

Nas últimas semanas de gravidez, se não houver contraindicações, a relação íntima entre casal pode favorecer o início das contrações uterinas, para o início espontâneo do trabalho de parto. 

Segundo alguns estudos, é possível que a dor da contração no parto seja transformada em prazer, num momento de extâse e entrega plena, de sensações extremas e únicas, numa relação de completo conhecimento e controle do seu corpo e da sua sexualidade, em mulheres que pretendem viver o nascimento de forma natural.  

O casal deve procurar manter-se esclarecido e procurar a informação correta e fundamentada junto dos profissionais de saúde. Os Enfermeiros de Saúde Materna e Obstétrica, companheiros dessa viagem, estarão sempre disponíveis para ouvir, informar, esclarecer e orientar o casal ao longo da sua gravidez. 

A todos os casais grávidos: amem-se e vivam cada momento desta experiência única e irrepetível das vossas vidas. 

Margarida Leite Esperança

Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia do Hospital de Braga

Susana Oliveira

Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia do Hospital de Braga