Com a chegada do mês de maio, “Mês do Coração”, torna-se obrigatório consciencializar a população sobre a importância de cuidar do seu coração. É fundamental que os cidadãos estejam sensibilizados para o problema das doenças cardiovasculares e para a urgência de prevenir o seu aparecimento, através da adoção de hábitos saudáveis.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal e na globalidade dos países ocidentais. Definem-se como um conjunto de situações clínicas que afetam o sistema circulatório em diferentes órgãos, tendo em consequência diferentes apresentações clínicas.

A doença isquémica cardíaca, nomeadamente o enfarte agudo do miocárdio (EAM) e a doença cerebrovascular, em particular o acidente vascular cerebral (AVC), são as duas principais afeções responsáveis pela elevada mortalidade. Devem-se essencialmente à acumulação de gorduras na parede dos vasos sanguíneos, designada de aterosclerose.

Apesar da incidência destas doenças aumentar com a idade, temos assistido nos últimos anos a uma diminuição progressiva da taxa de mortalidade devida às doenças cardiovasculares. Para este facto, muito têm contribuído as medidas estratégicas de prevenção primária na doença cardiovascular, visando a correção dos fatores de risco modificáveis como o tabagismo, a hipertensão arterial, hipercolesterolemia e a diabetes.

Também ao nível da terapêutica do EAM e do AVC tem havido evoluções muito significativas com aparecimento de novos fármacos e aplicação de técnicas invasivas, em particular de intervenção percutânea, que tem permitido uma melhoria do prognóstico.

Nestas doenças a aplicação das terapêuticas tem de ser rápida, nas primeiras horas ou mesmo minutos, pois o fenómeno que causa a doença na maioria das ocorrências corresponde a uma oclusão súbita de uma artéria do cérebro ou do músculo cardíaco, levando à morte dos tecidos que são nutridos por esses vasos sanguíneos, provocando sequelas irreversíveis.

Na ocorrência de um enfarte do miocárdio é importante reconhecer os sintomas para atuar imediatamente: os mais típicos são dor no peito, por vezes com extensão para o braço esquerdo, costas ou pescoço e ocasionalmente acompanhados por suores, náuseas, vómitos, sensação de falta de ar ou agitação. Mais raramente os sintomas podem ser menos específicos como falta de ar, fraqueza, cansaço e sensação de indigestão.

Quando estes sintomas surgem é importante contactar imediatamente o 112, pois é através do socorro pré-hospitalar que se assegura a melhor orientação neste tipo de doenças. O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) está preparado para iniciar de imediato os tratamentos e orientar os utentes para os hospitais mais preparados para tratar estas doenças.

No âmbito da prevenção primária é importante relembrar que a avaliação do risco cardiovascular está indicada em todos os indivíduos com idades entre os 40 e os 65 anos. Os adultos mais jovens que são fumadores, apresentem história familiar de doença cardiovascular precoce, história familiar ou pessoal de hipertensão ou hipercolesterolemia devem também consultar o seu médico de família para serem avaliados.

Jorge Marques

Cardiologista do Hospital de Braga