A celebração do Dia Mundial da Alimentação, que acontece anualmente a 16 de outubro, foi estabelecida em novembro de 1979 na 20ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, com o intuito de consciencializar a opinião pública para questões globais relacionadas com a alimentação e nutrição. Neste dia realizam-se muitas atividades relacionadas com estas temáticas em cerca de 150 países, incluindo Portugal.

Esta data corresponde também à fundação da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura em 1945, composta por 194 Estados-membros e presente em cerca de 130 países e que lidera esforços para a erradicação da fome e combate à pobreza.

Apesar de atualmente mais focada na temática da alimentação saudável, esta celebração teve como objetivos iniciais:

  • aumentar a sensibilização para a fome, pobreza e desnutrição no mundo;
  • alertar para a necessidade da produção alimentar e reforçar a necessidade de parcerias;
  • promover a transferência de novas tecnologias para os países em desenvolvimento;
  • fortalecer a solidariedade internacional e nacional na luta contra a fome;
  • encorajar a participação da população rural na tomada de decisões que influenciassem as suas condições de vida e promover a cooperação técnica e económica dos países em desenvolvimento.

A evolução dos últimos séculos ditou um enorme crescimento do consumo de alimentos, principalmente de origem animal e derivados. Com o desenvolvimento da indústria, o ser humano deixou de fazer exploração agropecuária própria, para passar a ter tudo o que necessita disponível numa simples ida ao supermercado.

Além da pegada ecológica provocada por esta exploração em massa e pelo aumento do número de embalagens para conservação dos alimentos, também a maior oferta alimentar se traduziu em alimentos a percorrer grandes distâncias até ao prato dos consumidores.

Paralelamente, a Organização das Nações Unidas estima que em 2050 o número de habitantes do planeta vai ultrapassar os nove biliões de pessoas e que a produção mundial de alimentos terá de aumentar cerca de 60% para conseguir dar resposta às necessidades alimentares da população mundial.

Este ano, a FAO pretende alertar e mobilizar os cidadãos no sentido de alcançar a meta da erradicação da fome até 2030. Atualmente, cerca de 821 milhões de pessoas passam fome. Apesar de se produzir comida suficiente para alimentar toda a população mundial, estima-se que 1/3 da mesma seja perdida/desperdiçada.

Deste modo, as escolhas que fazemos hoje são vitais para um futuro alimentar seguro para todos. Para isso, adquira os alimentos apenas nas doses que necessita, não “discrimine” vegetais/frutas menos atrativos, reutilize as sobras para confecionar deliciosos pratos, privilegie a leitura de rótulos e substitua produtos com gorduras trans e açúcares adicionados por fruta, vegetais, frutos gordos e cereais integrais, opte por cozinhar uma refeição vegetariana por semana (incluindo as leguminosas), troque o tradicional bacalhau ou atum (espécies ameaçadas) por cavala/arenque, compre alimentos locais e respeite a sazonalidade dos produtos, apoiando a economia local e reduzindo as emissões poluentes, poupe água e recicle.

Assim, aproveite este dia não só para se alimentar de forma mais saudável como também para refletir sobre a sua alimentação diária no que concerne a qualidade, desperdício produzido, origem, encargo no orçamento familiar, forma de produção/distribuição e o seu impacto ambiental.

Juntos podemos melhorar!

Joana Rodrigues

Nutricionista do Hospital de Braga