A obesidade constitui um dos principais problemas de saúde pública da atualidade e a sua prevalência tem vindo a aumentar ao longo dos anos. As estimativas apontam para que mais de metade dos portugueses apresente excesso de peso (22% com obesidade e 34% com pré-obesidade).

O excesso ponderal conduz a uma panóplia de sintomas que afetam a qualidade de vida, a função psicológica e o bem-estar individual (exemplo: dores osteoarticulares, baixa autoestima, isolamento social, ansiedade/depressão). A obesidade é ainda um fator de risco para o desenvolvimento de complicações metabólicas causadoras de mortalidade e morbilidade, como a diabetes tipo 2, dislipidemia, doenças cardiovasculares e respiratórias e cancro.

De forma a consciencializar a população para a relevância deste tópico, foi criado o Dia Nacional de Luta contra a Obesidade, celebrado anualmente no penúltimo sábado de maio.

Os hábitos alimentares inadequados são o principal determinante da perda de anos de vida saudável, estando as doenças que mais afetam os portugueses direta ou indiretamente relacionadas com os erros alimentares.

A alteração do estilo de vida, nomeadamente do padrão alimentar e atividade física, é um componente imprescindível para o tratamento da obesidade, independentemente do grau de excesso ponderal e do recurso de forma concomitante a outras terapêuticas (fármacos e/ou cirurgia bariátrica).

Sendo a obesidade uma doença crónica, nenhum tratamento (cirúrgico ou não) garante por si só resultados definitivos. O reganho de peso é um cenário possível, pelo que não deve ser esquecido. É necessária a mudança permanente de comportamentos, para tentar garantir que os objetivos do tratamento não só são atingidos como mantidos a longo prazo.

Para combater o sedentarismo, a prática de exercício físico regular deve ser estimulada (exemplo: caminhadas de 30 minutos, 4-5 vezes por semana), assim como a atividade física não-estruturada (exemplo: usar escadas em vez do elevador).

Na alimentação, a estratégia passa por privilegiar uma dieta completa, variada e equilibrada, segundo o preconizado pela Roda dos Alimentos e os pressupostos da Dieta Mediterrânica. Assim, recomenda-se que:

  • Modere o consumo de gorduras, escolhendo métodos de confeção como os cozidos, grelhados, estufados em cru, caldeiradas, salteados e assados com pouca gordura (privilegiando o azeite para cozinhar e temperar, com moderação), opte pelas carnes brancas e peixe e prefira laticínios meio gordos ou magros;
  • Substitua o sal por marinadas com cebola, alho, tomate, pimento, ervas aromáticas e especiarias;
  • Limite a ingestão de açúcar, evitando a sua adição em laticínios, água/chá/café/cevada, frutos frescos/salada de fruta ou sumos naturais/limonada;
  • Aumente o consumo de fibras, através das frutas (3-4 peças por dia), hortícolas (diariamente na sopa e como guarnição do prato), leguminosas, frutos gordos e optando pelos cereais integrais;
  • Restrinja o consumo de álcool e de sumos/refrigerantes, optando por beber 1.5-2 L de água ou chá;
  • Escolha, sempre que possível, os alimentos na sua forma natural e opte por ingredientes frescos;
  • Fracione o seu dia alimentar num padrão regular de 5 ou 6 refeições, de forma a controlar o apetite;
  • Coma em ambiente calmo, mastigando lentamente os alimentos e diminuindo o “tamanho” de cada garfada.

O sucesso na prevenção e tratamento da obesidade depende, acima de tudo, de um esforço pessoal.

Lembre-se que pequenas mudanças podem fazer a diferença e a melhoria dos hábitos de vida está ao alcance de todos.

Joana Rodrigues

Nutricionista do Hospital de Braga